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segunda-feira, 13 de abril de 2015

O Jovem Mártir que acalmou a ira dos leões

San Mamés nasceu numa prisão de Cesareia da Capadócia (actual Kayseri, cidade da Turquia) por volta de 259 d. C. Os seus pais - Teodóto e Rufina (esta grávida) tinham sido detidos pelas suas convicções cristãs, e muito em breve, acabariam por perecer sem usufruírem sequer da oportunidade de testemunharem o crescimento do seu filho. 
Apesar das origens humildes, a criança seria cuidada por uma patrícia e viúva romana abastada, de seu nome Ammia (ou Amia), que lhe ensinará os caminhos da educação cristã, porém acabaria igualmente por falecer quando Mamés tinha 15 anos, deixando-lhe como herança os haveres da sua fazenda. Novamente órfão, o rapaz decidiu repartir os bens pelos mais necessitados, retirando-se para o campo onde se dedicava à pastorícia e à leitura e meditação da Sagrada Escritura.
De modo a forçar o jovem a abjurar da fé cristã, o governador romano de Cesareia da Capadócia enveredou pelo caminho das ameaças e das inenarráveis torturas, tão frequentes naquela era de intolerância religiosa. Só era permitida a adoração dos deuses romanos. De acordo com a tradição lendária, San Mamés logrou escapar ao penoso cativeiro, através da ajuda dum anjo, e refugiou-se num monte próximo, onde voltou a praticar as actividades inerentes à pastorícia, embora por muito pouco tempo.
De facto, seria novamente capturado e, desta feita, enfrentaria mesmo o inadiável martírio, visto que teimava em não renunciar à fé cristã. Estávamos no ano de 275 d.C., quando o levaram para um circo romano, onde seriam soltados leões para assim o devorarem impiedosamente. Segundo a narração lendária mais veiculada, San Mamés terá conseguido amansar os animais, postura que decerto enfureceu os responsáveis romanos que se encontravam sedentos de carnificina. Mas estes últimos ordenaram que, logo depois, fosse cravado um tridente no abdómen do mártir, o que causou naturalmente um enorme derrame de sangue. Mamés ainda conseguiu dar alguns passos, mas acabaria por sucumbir às insondáveis dores que lhe foram infligidas. Temeroso sobre potenciais milagres vindouros por parte do santo, o prefeito romano ordenou a decapitação do cadáver.
A fama da sua santidade e a história do seu martírio divulgaram-se prontamente pela Ásia Menor, mas alcançariam igualmente a Itália, a França e a Península Ibérica. Muitos são os crentes que pedem a sua intercessão ante Deus, e que suplicam pela cura das doenças intestinais e de outros órgãos do abdómen, além de ossos fracturados e hérnias. É ainda o protector dos gados, das colheitas e das lactantes. A sua festa é celebrada a 7 de Agosto em Espanha (ou a 17 de Agosto, no caso concreto do martirológio católico internacional), e o seu nome estará associado ao facto de ser sido amamentado por outra pessoa que não a sua mãe natural.
Esta foi uma biografia sucinta que realizamos sobre um santo que terá padecido nos anos do imperador Aureliano (270-275 d.C.). Assumimos que o conteúdo até então reunido remete-nos para a conotação mítica ou lendária, o que não permite esclarecer, com toda a certeza ou rigor científico, sobre se estes feitos corresponderam ou não à realidade dos factos. O que podemos afirmar é que San Mamés terá sido um dos inúmeros mártires cristãos que não foram poupados no coliseu, anfiteatros e circos romanos. A perseguição ao Cristianismo só terminaria em 313 d. C. com o Édito de Milão promulgado por Constantino I que promoveria assim a liberdade de culto de todas as religiões.





Imagem nº 1 - Representação de San Mamés em cima dum leão. Uma clara alusão à narração lendária, na qual teria amansado os leões que se preparavam para o devorar no circo romano.
O seu martírio terá sido consubstanciado a partir dum tridente que lhe foi espetado no abdómen quando tinha apenas 16 ou 17 anos de idade.



Nota-extra - O culto a San Mamés - São Mamede (em Português) também conheceu a sua própria tradição  e difusão em Portugal.



Referências Consultadas:


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