Contexto
Em finais do século XVI, a Coreia era uma península unificada, estando entregue à dinastia Yi (ou de Joseon; visto que havia sido fundada por Taejo de Joseon) que permaneceria na condução dos caminhos políticos do território entre os anos de 1392 e 1910, isto é, por mais de quinhentos anos.
As comunidades coreanas dedicavam-se à pesca, à exploração do ferro e da prata, e à agricultura através das plantações da batata, do tabaco, da soja, da cevada e do arroz.
No século XVI, a Coreia experimentaria alguma instabilidade política com reinados bastante frágeis, muita corrupção e várias intrigas e dissidências políticas na corte. Sempre que um regime ou ciclo governativo cessava, a transição era muitas vezes acompanhada por purgas e traições.
Na década derradeira de 1590, uma série de acontecimentos exteriores irá precipitar-se sobre o futuro de uma Coreia que se achava já numa situação vulnerável. Dentro deste contexto, Toyotomi Hideyoshi, regente imperial do Japão desde 1585 (unificador da nação nipónica embora tenha ficado também conhecido por se revelar um atroz perseguidor de milhares de cristãos no seu território), decidiu avançar com o sonho de conquistar a eterna rival China. O daimyô nipónico pediu a assistência incondicional da dinastia coreana que deveria permitir a livre travessia dos japoneses e prestar ainda auxílio do ponto de vista militar. Contudo, os coreanos não iriam trair os seus vizinhos chineses, até porque eram vassalos da Dinastia Ming.
Não digerindo bem a recusa, Toyotomi Hideyoshi convocou os grandes senhores feudais japoneses e as altas patentes do seu exército, e decidiu então empreender uma invasão à Coreia, a qual principiaria em 1592. Seriam seis ou sete anos de elevada tensão militar que, apesar de uma trégua entre os anos de 1593 e 1597, não deixariam de causar uma infinidade de mortes. Apenas no final do ano de 1598, o conflito daria sinais claros de cessação. Até lá, teremos uma imensidão de batalhas e escaramuças que conhecerão múltiplos resultados, entre avanços e recuos por parte das nações em conflito.
Mapa nº 1 - A Península Coreana e o Arquipélago do Japão desenhados pela cartografia do século XVIII.
Retirado de: http://www.homestaykorea.com/ (Cortesia: Seoul Arts Center)
Imagem nº 1 - Toyotomi Hideyoshi, Regente Imperial do Japão, queria conquistar a China, estando disposto a submeter a Coreia caso esta não colaborasse com o seu projecto militar.
Créditos: Ancient Origins
Imagem nº 2 - O rei coreano Seonjo deixaria ultrapassar-se pelos acontecimentos e assumiria inclusivamente um papel secundário durante as invasões que o seu país enfrentou.
Retirada de: https://www.wikidata.org/wiki/Q484359
1º Ciclo - O Início da Invasão: Japoneses somam triunfos
Apesar das ameaças de guerra, os coreanos acreditavam piamente que a ofensiva prometida pelos japoneses não iria além das investidas tradicionais de pirataria em alto mar ou junto ao litoral coreano. No entanto, os altos responsáveis coreanos ignoravam que Toyotomi Hideyoshi estava mesmo a preparar uma expedição militar ambiciosa que assolaria os seus domínios.
Em finais de Maio de 1592, os japoneses chegam surpreendentemente a Busan, tomando e saqueando a cidade. Entre 8500 a 30 000 coreanos pereceriam durante a ocorrência, embora a armada nipónica tenha sofrido igualmente algumas baixas. Praticamente em simultâneo, os japoneses tomariam a fortaleza de Dongnae, onde cinco mil coreanos perderiam a vida ao defenderem em vão aquela estrutura. Mesmo vendo a derrota como inevitável, o governador da praça Song Sang-hyeon preferiu morrer do que entregar de mão beijada a livre passagem dos japoneses que pretendiam chegar à China. Motivados pelo seu ascendente militar, os japoneses acabariam por tomar várias cidades, vilas e castelos da Província de Gyeongsang.
Os coreanos tentarão reagir, procurando encetar uma emboscada diante das colunas japonesas em Sangju, mas a mesma redundará num fiasco, culminando na morte de 700 coreanos que não conseguiriam escapar ao poder de fogo nipónico. Resultado idêntico ocorrerá posteriormente na batalha de Chungju, onde a cavalaria e os arqueiros coreanos serão trucidados novamente pelos japoneses. O general coreano Sin Rip suicidou-se num rio localizado perto do “epicentro” da batalha, de forma a não cair humilhantemente nas mãos inimigas.
Em inícios de Junho de 1592, Seul (designada na altura de Hanseong) passará a ser o novo alvo dos japoneses que estavam assim a conseguir grandes avanços territoriais. A conquista da então capital do reino coreano foi quase um passeio para os nipónicos. De facto, o rei coreano Seonjo e o seu general Kim Myong-won puseram-se logo em fuga, logo que as suas forças haviam falhado nas acções de defesa ao largo do rio Han. Muitos habitantes abandonaram também as suas casas de forma a fugir à chegada implacável do invasor. Por conseguinte, os japoneses entrarão em Seul, deparando-se com uma cidade praticamente abandonada e com vários focos de incêndio, dado que muitos civis coreanos, antes de deixarem a capital, pegaram fogo às habitações e edifícios, levando ainda muitos bens materiais de valor.
Após a tomada de Seul, os japoneses dirigem a sua campanha para as regiões nortenhas da Coreia. Pyongyang tornou-se no alvo preferencial. Ao contrário do que havia ocorrido em Seul, a batalha iria ser mais violenta, apesar de o rei Seonjo ter procurado novamente um refúgio seguro (em Uiji, já perto da fronteira com a aliada China), de forma a estar sempre protegido em qualquer um dos cenários possíveis.
No castelo daquela cidade norte-coreana estavam 10 mil homens preparados para a defender. Os japoneses chegariam, muito em breve, com 30 mil homens. Os coreanos tentarão sortidas contra o acampamento nipónico de Sō Yoshitomo, provocando terríveis confrontos. Mas em breve, os japoneses conseguirão atravessar o rio que servia, como um dos obstáculos naturais à sua entrada naquela cidade, e começarão a forçar o abandono dos militares e civis coreanos. No dia 24 de Julho, os samurais nipónicos apoderam-se da cidade que já tinha sido praticamente abandonada.
Ainda nesse mês, outros contingentes ou colunas japonesas tomaram os territórios de Jeongseon, Yeongwol, Chunchon e Pyeongchang, além de castelos situados na faixa oriental da Península Coreana, desde Anbyon até Samcheok. Os japoneses começam inclusivamente a impor os seus modelos de administração civil bem como o seu específico sistema de castas. Os nipónicos conseguirão fazer mesmo incursões já na Manchúria, entrando assim no território chinês, o qual era o seu primordial objectivo desde cedo. Aí as primeiras escaramuças serão inconsequentes.
Neste primeiro ciclo, o Japão levaria claramente a melhor nas batalhas navais, e sobretudo, nas incursões terrestres, onde são imparáveis em campo aberto. Os coreanos que já tinham perdido Seul ou Hangseong (a capital) e Pyongyang, não tinham outra hipótese senão recorrer a tácticas de guerrilha de modo a provocar algum desgaste no invasor, além de aguardarem a qualquer momento por uma ajuda militar proveniente da China.
Imagem nº 3 - O desembarque das forças nipónicas que culminaram com o saque e a tomada de Busan em Maio de 1592. Altos generais coreanos teriam negligenciado a sua abordagem em torno da aproximação dos navios japoneses, julgando inicialmente de que se trataria de uma frota que estava a cumprir uma missão de grande aparato comercial.
Retirada de: http://www.cha.go.kr/main.html
Imagem nº 4 - Os samurais japoneses evidenciavam-se nas batalhas em campo aberto e nos assédios aos castelos e povoações coreanas.
Créditos: David Benzal - Art Station
2º Ciclo: A Coreia volta a ter esperança: um almirante recusa render-se!
Os japoneses tinham acumulado um registo quase imaculado de triunfos contra os coreanos, mas havia um alto oficial militar que revelava ser, desde cedo, uma pedra no sapato. O almirante coreano Yi Sun Sin era exímio em emboscar navios japoneses que transportavam mantimentos e reforços. Os samurais nipónicos sentiam que a acção desta personalidade condicionava o abastecimento das suas tropas, numa altura em que já admitiam encetar um ataque sonante contra a China.
Mas quem era este almirante que se atrevia a fazer incursões marítimas?
Yi Sun Sin havia nascido em Seul no ano de 1545. O seu pai tinha sido expulso da corte, o que motivou a sua família a sair da capital coreana rumo a Asan, na província de Chungcheong do Sul. No ano de 1572, Yi Sun Sin não consegue passar no exame oficial que dava acesso ao exército porque durante a prova cairia do seu cavalo, mas quatro anos depois será bem-sucedido numa segunda tentativa de ingresso. Neste âmbito, começou por ser um soldado raso, mas em 1591, torna-se comandante do distrito naval de Jeolla-do, tendo sido recomendado para este posto por Yu Seong-ryong, uma personalidade influente que servia a dinastia Joseon. No ano seguinte, começavam as invasões japonesas, e Yi Sun Sin teve de assumir um papel relevante na defesa do seu país.
Em meados de Junho de 1592, o almirante coreano ataca uma frota japonesa que se achava ancorada na Baía de Okpo e que servia exclusivamente para fins de abastecimento das forças invasoras. Como a maior parte dessas embarcações continham tripulações desarmadas, os coreanos não tiveram grandes dificuldades em provocar a destruição de, pelo menos, 26 navios. Esta seria a primeira provocação do almirante coreano.
Em Julho, o almirante soma novas vitórias nas batalhas navais de Sacheon, Dangpo, Danghangpo e Yulpo, recorrendo já aos celebres navios-tartaruga, uma invenção militar que iria fazer, em breve, a diferença nesta terrível guerra.
No entanto, o enfrentamento mais sonante ocorreria entre os dias 14 e 16 Agosto, sendo que, uma vez mais, o almirante coreano almejou cortar as linhas de abastecimento dos japoneses. Depois de avistar uma frota inimiga nos estreitos de Kyonnaeryang, Yi Sun Sin simulou uma retirada, atraindo os nipónicos para uma batalha em alto mar, mais concretamente, na baía de Hansando, onde se achavam várias ilhas desabitadas. Ao morderem o isco, os mais de 80 navios japoneses iriam deparar-se agora com a armada naval coreana disposta numa formação semi-circular. Os coreanos voltaram a usufruir dos célebres barcos-tartaruga que, devidamente apetrechados com canhões de alto calibre, bombardearam intensivamente os navios japoneses, evitando encetar inicialmente qualquer aproximação clara em relação ao inimigo, dado que este poderia ter alguma vantagem ao nível das manobras. Aliás, as acções de assalto às embarcações japonesas só seriam autorizadas por Yi Sun Sin numa fase mais avançada da batalha, ou seja, só depois de muitos navios inimigos se acharem destruídos ou em chamas.
Dentro deste contexto, os estragos provocados pelo poder de fogo e pelas flechas coreanas iriam colocar em debandada a frota oponente, e por conseguinte, os homens de Yi Sun Sin lançaram-se finalmente sobre os navios atingidos. Nesse momento bélico, se evidenciariam igualmente capitães coreanos como Yi Kinam e Chong Hun que, lançando-se sobre os barcos adversários, provocaram uma razia total e neutralizaram vários combatentes nipónicos. O general japonês Wakizaka Yasurahu conseguiu escapar por uma unha negra, enquanto muitos dos seus companheiros não tiveram a mesma sorte. Ao todo, os japoneses perderiam 47 navios e cerca de 9 mil homens na batalha de Hansando (ou Hansan), enquanto os coreanos não perderam nenhum dos seus barcos-tartaruga, tendo apenas sofrido 19 baixas nos posteriores combates corpo a corpo.
Este grande êxito militar de Yi Sun Sin e dos seus barcos-tartaruga desafiaria, no imediato, o poderio naval japonês. No entanto, a guerra ainda estava longe do fim.
Imagem nº 5 - Os barcos-tartaruga coreanos alcançam uma grande vitória na Batalha de Hansando.
Imagem nº 6 - O Almirante Yi Sun Sin esteve por detrás do auge dos barcos-tartaruga.
Créditos: Genius
Os Barcos-Tartaruga
Yi Sun Sin decidiu avançar para a construção dos barcos-tartaruga, de forma a enfrentar as frotas japonesas em alto mar. De acordo com o Canal História, tratavam-se de navios que se achavam cobertos por uma espécie de carapaça blindada, embora coberta de feno e de espigões/espinhos (de ferro) afiados, ali camuflados, que impediam qualquer abordagem de assalto bem-sucedida por parte do inimigo. O seu revestimento com chapas de metal também tornava estes barcos mais resistentes diante dos ataques inimigos.
Os navios-tartaruga eram munidos de vários canhões de grande calibre colocados então nas laterais a bombordo e estibordo das embarcações coreanas. A embarcação tinha ainda na sua proa ou extremidade dianteira a "cabeça de um dragão" (esculpida) que servia para assustar os soldados japoneses, e houve casos, em que algumas delas foram usadas para libertar um fumo tóxico gerado a partir da mistura de enxofre e salitre, servindo para obstruir ou tapar a visão dos japoneses que costumavam ser exímios nas manobras. Também a cabeça de dragão poderia, nalguns casos, ocultar um canhão, assumindo assim um poder de fogo inesperado.
Um barco-tartaruga poderia ter capacidade para albergar 36 canhões, além de assumir uma mobilidade bastante interessante, sendo que era impulsionado por 16 grandes remos que seriam manejados por cerca de 80 tripulantes. Estas embarcações detinham igualmente força suficiente para abalroar qualquer outro navio que ousasse desafiá-las, contudo o seu elevado poder de fogo beneficiava uma abordagem inicial mais estática ou posicional, mantendo sempre a sua organização prévia sobretudo diante de frotas inimigas que estivessem em superioridade numérica.
Imagem nº 7 - Exemplar de um Barco-Tartaruga exposto num museu em Seul.
Créditos: Ulana Holtz (Flickr)
3º Ciclo – A Reviravolta Coreana solidifica-se com o apoio da China
Após a batalha de Hansando, os coreanos irão capitalizar os seus feitos bélicos. Sempre recorrendo a milícias que operavam em terra, e beneficiando ainda da frota do almirante imparável, lograrão causar degaste no invasor. As forças coreanas poderiam ser bastante heterogéneas ao ponto de incluírem nas suas fileiras soldados sobreviventes, aristocratas, plebeus e até monges budistas.
Gwak Jae-u foi um dos líderes milicianos coreanos que mais se evidenciou através de campanhas, protegendo a região em torno dos rios Nakdong e Nam e impedindo assim que os japoneses acedessem à província de Jeolla, sítio onde se achava a base de operações do almirante Yi Sun Sin.
Em breve, surgiria uma primeira tentativa por parte dos coreanos para recuperar Seul, mas ainda assim a superioridade numérica das forças japonesas travaria, para já, qualquer êxito dos grupos guerrilheiros.
No entanto, o ano de 1592 ia passando. O Outono seria duro para os japoneses que começaram a cobrar pesados impostos em muitas das regiões submetidas, o que originou uma série de rebeliões. A mais grave de todas deu-se em Hwanghae, quando a população local se revoltou com o apoio de milicianos e soldados coreanos fugitivos. Dentro deste contexto, cerca de 500 soldados e 200 civis encabeçaram esta rebelião, chegando ao ponto de tomar o Castelo de Joenan. Outras fortalezas, dominadas por japoneses ou coreanos traidores, foram também alvo de assaltos inesperados de milicianos.
Entretanto, o rei coreano Seonjo decidiu solicitar a intervenção militar da aliada China que era, na verdade, o alvo ambicioso que os japoneses pretendiam essencialmente atingir, aquando da idealização desta intervenção armada. O imperador chinês Wanli, da Dinastia Ming, começou por confiar missões a pequenos destacamentos, contudo os resultados inicialmente verificados não foram conclusivos ou suficientes para mudar o rumo dos acontecimentos na Coreia.
Todavia, em Janeiro de 1593, o imperador Wanli enviará finalmente um exército poderoso que seria composto por 100 mil homens. Os generais Song Yingchang e Li Rusong foram encarregados de conduzir estas tropas. O grande alvo passaria a ser a principal cidade norte-coreana dominada pelos japoneses – Pyongyang. Cerca de 10 mil coreanos juntaram-se também a esta operação, de forma a reaver a urbe que havia caído nas mãos dos japoneses no Verão de 1592.
A 6 de Fevereiro de 1593, inicia-se a batalha por Pyongyang. Numa colina situada a norte da cidade, alguns destacamentos japoneses são esmagados, e os seus generais só conseguem escapar com vida, muitos graças a alguns contra-ataques que outros contingentes nipónicos conseguem efectuar de forma a aliviar a pressão que havia caído sob as suas forças. No dia 8 de Fevereiro, chineses e coreanos, apoiados pelos bombardeamentos dos canhões e pelo lançamento de inúmeras flechas de fogo, avançam sobre as muralhas, utilizando altas escadas móveis. Os combates serão violentos, e a primeira abordagem ofensiva será bastante árdua e esgotante ao ponto de Li Rusong (comandante que encabeçava as forças chinesas) prometer uma recompensa choruda ao primeiro soldado do seu exército que conseguisse entrar dentro de Pyongyang. O assalto aos muros seria renovado com maior vigor, fazendo com que os japoneses começassem a recuar, além de que as defesas físicas da cidade ficariam num estado lastimável por causa do poder de destruição dos canhões oponentes. Por seu turno, os chineses tentam ainda atacar um forte que se situava no ponto norte de Pyongyang, contudo não conseguem prontamente tomá-lo devido à heróica resistência de japoneses que reprimiram o assalto com as suas armas de fogo. Os chineses entretanto decidiram parar a ofensiva. No entanto, Pyongyang estava devastada e os japoneses sabiam que já não se encontravam reunidas boas condições para assegurar a sua defesa, pelo que aproveitaram a noite e a paragem temporária das hostilidades para se retirarem discretamente da cidade, atravessando para esse efeito o congeladíssimo rio Daedong (ou Taedong; que fazia fronteira natural com a cidade e que não era vigiado pelos chineses presentes no exterior) e rumando em direcção a Hanseong (Seul).
Chineses e coreanos recuperavam assim Pyongyang, e ainda no mês de Fevereiro, reconquistariam as províncias de Gaeseong, Gyeonngi e Gangweon. A 27 de Fevereiro, as forças aliadas tentam surpreender o invasor que estaria a reagrupar-se numa retirada organizada para Seul, ainda nas mãos dos japoneses. Dentro deste contexto, irá decorrer a Batalha de Byeokjegwan, então já muito perto daquela cidade. Os chineses tentam atacar os japoneses que estavam posicionados numa colina, e inicialmente são bem-sucedidos, fazendo com que os invasores acelerassem o seu processo de retirada. Contudo, os chineses dispersaram-se imediatamente, ignorando que os flancos japoneses se reorganizariam para contra-atacar. Beneficiando da qualidade superior das suas espadas e dos seus mosquetes, as forças nipónicas derrotaram mesmo os chineses, sendo uma das poucas vitórias que registaram nesta fase de evidente declínio. O próprio general chinês Li Rusong caiu do cavalo e, se não fossem os seus camaradas a acudi-lo, teria mesmo perdido a vida, destino que, contudo, viria a acontecer a, pelo menos, 2 mil homens seus neste confronto.
Os japoneses não aproveitaram este triunfo para voltar a tomar a iniciativa, pelo que, em Março, os coreanos voltaram a carga, ocupando o castelo de Haengju que estaria praticamente abandonado. Esta fortaleza, presente a noroeste de Seul, ficava no cimo de uma colina que, na sua parte sul, era banhada pelo Rio Han, enquanto que nos outros três lados proliferavam as zonas pantanosas. Os coreanos, liderados pelo general Kwon Yul, seriam 10 mil ao todo, contudo só 2 300 é que ficaram no interior da fortificação. No imediato, aproveitaram para reparar os seus muros e construíram paliçadas, de forma a precaverem-se para uma eventual reacção japonesa.
Em breve, um poderoso exército japonês composto por 30 mil homens aborda o castelo, procurando cercá-lo. Os nipónicos, então comandados por Konishi Yukinaga, passaram ao ataque. No entanto, os coreanos lançaram uma imensidão de flechas, rockets, pedras e ainda pó (neste último caso, para obstruir a visibilidade do inimigo) o que prejudicou as abordagens dos japoneses. Os combates corpo a corpo seriam igualmente intensos e violentos. Nas três tentativas de assalto, os japoneses fracassaram, embora tenham causado brechas nas muralhas e baixas na guarnição coreana. As forças de Konishi Yukinaga abandonaram o cerco logo que se espalharam rumores da eventual chegada de um exército de auxílio que viria em socorro dos coreanos então entrincheirados no castelo de Haengju. Os japoneses terão perdido mais de 10 mil homens, durante o assédio, enquanto os coreanos terão visto tombar algumas centenas dos seus.
A vitória em Haengju (14 de Março de 1593) voltou a dar um grande alento às forças coreanas e chinesas que começaram a ambicionar a reconquista de Seul, algo que ocorrerá logo em Maio, sem que haja sequer um grande combate. Os japoneses, que tinham assistido, nos últimos tempos, à redução das suas forças operacionais de 150 mil para pouco mais de 50 mil efectivos, decidiram evacuar Seul e reposicionar-se noutras posições a sul da Coreia. Antes de abandonarem a cidade, os japoneses pegaram fogo a vários edifícios relevantes.
No Verão de 1593, e após sucessivos dissabores belicistas, os japoneses procuram finalmente reagir e apontam as suas miras para o projecto de conquista da estratégica fortaleza de Jinju, sita no sul da Coreia, após terem fracassado já em algumas tentativas anteriores dirigidas contra esta imponente estrutura. A 21 de Julho, os japoneses iniciam o assédio, assolando as posições dos coreanos ao longo do rio Chinyang, enquanto uma alta torre de cerco, tripulada por arcabuzes, desgastava as guarnições da fortaleza. Os assaltos são cruéis e implacáveis. Os japoneses recorrem ao poder dos seus canhões, e através de grandes escadas, tentam subir os muros. Por seu turno, a guarnição coreana recorre a pedras, troncos e a água em fervura para evitar que os assaltantes escalem com sucesso.
Ao constatar a forte resistência coreana, um dos generais japoneses, Kato Kiyomasa, ordenou a construção de alguns vagões pesados de madeira, devidamente cobertos com peles ou couro à prova de fogo e com telhados capazes de suportar o peso das pedras arremessadas pelo adversário.
Após alguns dias de sucessivos bombardeamentos (já para não falar de uma tempestade que se abateu sobre a região), uma secção das muralhas cairia e os japoneses conseguiram entrar na fortaleza, a 29 de Julho, dizimando qualquer tipo de resistência. Ao todo, cerca de 60 mil coreanos (entre soldados, milicianos, voluntários e civis) perderam as suas vidas nos combates. Esta vitória permitiu levantar a moral dos líderes japoneses que conseguiram assim manter, nos próximos tempos, alguns dos bastiões e castelos que detinham no sul da Coreia.
Entre 1593 e 1597, o conflito conhecerá um abrandamento das hostilidades, sem que ocorram grandes sobressaltos.
Durante quase quatro anos de estagnação do conflito, as autoridades coreanas construíram novos castelos e melhoraram os aspectos defensivos daqueles que já existiam. O rei Seonjo criou mesmo uma “Agência de Formação Militar” procurando organizar e treinar as suas tropas que passavam assumir disposições que poderiam assentar em unidades ou em companhias. Surgiram igualmente esquadrões de arqueiros, arcabuzes e guerreiros com armas de filo cortante. Foi também determinado que os escravos poderiam ser recrutados para o serviço militar, de forma a engrossar as tropas coreanas. Ainda assim, a corrupção interna continuava a manchar a solidez coreana neste período crítico.
Por sua vez, a China e o Japão chegaram a encetar algumas negociações diplomáticas entre 1594 e 1596, abordando a indefinição que grassava na Coreia. O Japão queria que a China reconhecesse o seu domínio no sul da Coreia, estando disposto a aceitar que a zona norte da Península poderia ser uma espécie de regime satélite da China. Contudo, os chineses nunca abdicaram da sua exigência que visava a retirada total dos japoneses do território coreano. Os esforços de paz iram esfumar-se e a guerra iria ser pois reatada em 1597 com uma nova invasão nipónica.
Imagem nº 8 - Chineses e coreanos reconquistam Pyongyang nos inícios de Fevereiro de 1593.
Créditos: Wikipédia
Imagem nº 9 - Os Japoneses tentam atacar as posições coreanas numa paliçada junto da Fortaleza de Haengju. O fiasco da sua tentativa em tomar esse castelo estratégico culminará, nos próximos tempos, com o abandono de Seul que será assim recuperado pelos coreanos e seus aliados chineses.
4º Ciclo – A Segunda Invasão: japoneses voltam a somar vitórias
O regente imperial japonês Toyotomi Hideyoshi iria ordenar uma segunda invasão, desta feita, com o intuito exclusivo de tomar a Coreia, descartando para já um ataque à China.
Em 1597, o líder japonês enviou 200 barcos, engrossando as forças que até então se achavam estacionadas em alguns bastiões e castelos da zona sul-coreana. Ao todo, os nipónicos passariam a contabilizar um total de 141 mil homens.
Os chineses foram novamente em socorro dos seus aliados coreanos. Yang Hao comandaria agora um exército terrestre de 55 mil homens que colaboraria com as forças coreanas no sentido de inviabilizar novos êxitos japoneses. Os chineses enviaram ainda uma força naval composta por mais de 20 mil soldados.
Nos primeiros tempos, a ofensiva nipónica alcança resultados reduzidos. No entanto, os japoneses chegaram a tomar cidades ou povoações como Sacheon, Changpyong, Namwon e Jeoju, demonstrando que poderiam acelerar esta senda a qualquer momento, caso o cenário se tornasse mais propício.
Por seu turno, o almirante coreano Yi Sun Sin prosseguia com as investidas dos seus barcos-tartaruga, dificultando uma vez mais as operações dos navios japoneses que tencionavam introduzir mais homens e bens de abastecimento (militar) na Coreia. Também a China, como já mencionámos, prestou auxílio na defesa da costa da Península Coreana.
No entanto, em breve, rebentaria mais uma saga de intrigas na corte coreana. Nem o almirante Yi Sun Sin escaparia às tramóias internas. Este responsável militar seria mesmo degredado, por algum tempo, acusado de se ter recusado a não atacar a frota do general japonês Kato Kiyomasa que carregava um número considerável de tropas que então rumaram ao território coreano. A história é mais complexa e dúbia do que se julga. A informação que chegara às mãos de Yi Sun Sin tinha sido entregue por um agente secreto que possivelmente não mereceria a sua total confiança. Além disso, a zona costeira onde se poderia descortinar a referida frota japonesa não era a mais recomendável para uma emboscada, dado que existiam pedras gigantescas no fundo das águas. Todavia, o rei coreano Seonjo não seria sensível a estes argumentos, colocando de parte o herói dos barcos-tartaruga e nomeando para o seu lugar o almirante Won Gyun, o qual acusava Yi Sun Sin de ser preguiçoso e de procedimentos pouco aceitáveis.
No entanto, o soberano iria arrepender-se em breve desta decisão.
Em primeiro lugar, os japoneses começaram a sentir mais facilidades no transporte de mantimentos, armas e soldados, e assumiram um evidente domínio dos mares. Mas o pior ainda estava por vir, como veremos daqui a pouco!
Contando agora com novos vultos militares na liderança, os coreanos irão ter o primeiro grande teste de fogo – a batalha naval de Chilchonryang (ou Chilcheollyang) que se travará a 28 de Agosto de 1597. Dentro deste contexto, a força naval coreana, liderada então por Won Gyun, deixa a região de Hansando para abordar o invasor numa zona de mar aberto, já perto de Busan. O ataque correrá mal: os coreanos perdem 30 barcos, e o seu almirante procura recuar de forma segura para a Ilha de Gadeok. Todavia, e como se não bastasse, esta ilha detinha uma fortificação que já estava controlada pelos… japoneses. A guarnição saiu em defesa das suas posições surpreendendo os coreanos que haviam ali ancorado. Cerca de 400 destes morreram imediatamente nos combates, enquanto os restantes procuraram retomar a via da navegação, tentando agora achar um refúgio temporário nos estreitos de Chilchonryang. No entanto, os japoneses lançam um ataque ambicioso pela noite, causando um impacto devastador nos coreanos que já se encontravam desmoralizados devido aos infortúnios anteriores. Estes últimos não se conseguiram reorganizar e entraram logo em pânico, não fazendo sequer grande benefício dos seus canhões. Em breve, uma imensidão de destroços pertencentes a 150 navios coreanos, então arrasados, flutuariam pelos estreitos. Aqueles que conseguiram chegar a terra, foram naturalmente mortos pelas forças da fortaleza de Gadeok. O almirante Won Gyun foi alegadamente um dos que morrera a lutar em pleno areal, embora tentasse forçar, nesse momento em concreto, a sua escapatória. Outro grande comandante coreano, Yi Eok-gi, combateu também até à exaustão, acabando por cair nas águas e morrer afogado. Foram pouquíssimos os destacamentos coreanos que conseguiram escapar ao massacre. Das cerca de 200 embarcações que dispunham, os coreanos perderam 188 neste conflito naval!
A Coreia estava agora em grande perigo. Muitos dos seus barcos-tartarugas, que também haviam sido usados nesta batalha, foram destruídos. A sua frota estava completamente aniquilada. Acreditava-se que só os chineses poderiam agora atenuar as consequências do poderio japonês, dado que ainda dispunham de uma força naval.
Durante dois meses, tudo parecia perdido… mas surpreendentemente, aconteceria o cenário mais improvável, contrariando todos os que esperavam uma derrocada coreana inevitável.
Imagem nº 10 - Os japoneses trucidam a frota coreana no Estreito de Chilchonryang, em finais de Agosto de 1597. O almirante coreano Won Gyun não sobreviverá ao enfrentamento.
5º Ciclo – O milagre do almirante Yi Sun Sin, o "mártir" da independência coreana
Após a humilhação de Chilchonryang (ou Chilcheollyang), o rei coreano Seonjo foi pressionado a voltar atrás, não tendo outra hipótese senão confiar novamente no almirante Yi Sun Sin que, ao ser reabilitado pelo regime, sucederia no comando ao falecido Won Gyun. Aliás, esta era uma jogada de desespero por parte do soberano oriental.
Yi Sun Sin receberia uma herança pesada – uma frota arruinada com poucos barcos disponíveis, bem como tripulações absolutamente desmotivadas.
Yi Sun Sin receberia uma herança pesada – uma frota arruinada com poucos barcos disponíveis, bem como tripulações absolutamente desmotivadas.
Os japoneses tinham aproveitado o importante triunfo anterior para reforçar a pressão sobre a costa coreana, tentando neutralizar qualquer foco de resistência.
Por seu turno, Yi Sun Sin decidiu estabelecer-se no sudoeste da Coreia, montando a sua base nos estreitos de Myongnyang (ou Myeongnyang) e estudando as marés incomuns desta região, de forma a poder usá-las para surpreender os japoneses que, em breve, ali chegariam para suprimir qualquer embarcação que lhes fizesse frente. Efectivamente, as marés daquele lugar corriam muito depressa e assumiriam diversas direcções, embora se evidenciasse mais as tendências de norte para oeste. As águas poderiam correr a uma velocidade que atingiria entre 9,5 até 11,5 milhas. Yi Sun Sin sabia que precisava de estudar as condições naturais atípicas daquela região marítima para derrotar o poderoso inimigo. Os coreanos só dispunham de 12 navios-tartaruga que haviam escapado ilesos da malograda batalha de Chilchonryang, enquanto os japoneses viriam a apresentar uma frota com 133 navios. Em jeito de primeira análise, o almirante coreano sabia que precisava de um milagre. As condições naturais até poderiam jogar a seu favor, mas a desproporção das forças em combate seria sempre muito grande.
Ao chegarem ao estreito de Myongnyang no dia 26 de Outubro de 1597, os japoneses aproveitam o vento favorável, embora desconhecendo as marés agitadas do lugar, para finalmente se aproximarem da frota de Yi Sun Sin. Este último assumiu um posicionamento em mar aberto, a norte do estreito, e quando teve conhecimento de que os japoneses tinham avançado até meio do referido estreito, decidiu atacar. Com recurso ao alto calibre dos seus canhões e flechas de fogo, causaria naturalmente estragos no inimigo. Nesta fase, Yi Sun Sin não se procurou aproximar demasiado do inimigo porque sabia da sua desvantagem numérica, preferindo manter a organização táctica e a coesão dos seus barcos. O vento e as correntes mudariam inesperadamente (ou talvez o almirante coreano já previsse que tal deveria acontecer), o que fez com que os barcos japoneses começassem a colidir entre si, além de outros serem empurrados para os confins do estreito. A estupefacção apoderou-se das hostes nipónicas que perderam também, desta feita, a sua capacidade de reacção. Muitas procederam à retirada desorganizada. Ao todo, os japoneses perderam 31 navios, e entre 8 a 12 mil baixas efectivas em termos de soldados. Por seu turno, os coreanos não lamentaram a perda de qualquer barco-tartaruga, sofrendo apenas 2 baixas. Estes números que surgem nas crónicas oficiais podem ser demasiado desproporcionais (ou até pouco realistas), mas não há dúvidas de que Yi Sun Sin alcançaria uma vitória impensável e sem sofrer grandes estragos materiais e humanos diante de um adversário poderoso.
A batalha de Myongnyang (ou Myeongnyang) foi uma humilhação histórica para os japoneses que, apesar de não abandonarem já definitivamente a Coreia, jamais voltariam a assumir a hegemonia naval durante o conflito.
Quase um ano depois, o regente imperial japonês Toyotomi Hideyoshi falecerá (18 de Setembro de 1598), e com ele parecem ter caído os projectos expansionistas. Não se sabe se o mesmo, no leito da sua morte, terá mesmo dado a ordem de abandonar a Coreia. Certo é que a corte nipónica começará mesmo a planear a retirada, evacuando fortalezas e castelos até então controlados na Coreia. Os chineses e os coreanos vão tentar ao máximo dificultar esse processo, procurando arrasar as forças japonesas que procuravam regressar ao seu país.
Em breve, chineses e coreanos lançam três ataques massivos contra os territórios de Ulsan, Sacheon e Suncheon que estariam sob administração japonesa. O epicentro do conflito decorrerá mesmo em Sacheon, travando-se uma dura batalha pelo controlo do seu castelo em Outubro de 1598. As forças aliadas eram lideradas pelo general chinês Ton Yuan, e contavam com a participação de 34 mil soldados chineses e 2 mil combatentes coreanos. No entanto, estas não chegariam a tempo de evitar uma manobra temporária de reforço da guarnição japonesa que engrossou as suas fileiras de forma a enfrentar esta ameaça. Os combates serão bastante confusos com ambas as partes a cometerem erros ofensivos e defensivos.
Os chineses trazem para a batalha um aríete e um canhão de forma a derrubar o portão principal, mas os japoneses conseguirão neutralizar estes equipamentos, lançando ainda através de catapultas várias bombas de fogo que assolaram posições ocupadas pela armada chinesa. Como se não bastasse, o armazém improvisado de pólvora seria atingido, fazendo rebentar grandes explosões no acampamento chino-coreano. No dia 30 de Outubro, os japoneses, comandados por Shimazu Yoshihiro, decidem mesmo sair do seu castelo mediante a disposição de três formações que saíram respectivamente dos seus três portões de forma a atacarem as posições adversárias. Os chineses não aguentaram o embate e colocaram-se em fuga, após terem sofrido mais de 30 mil baixas.
Este triunfo nipónico foi inesperado, mas não faria mudar os planos superiores de retirada. No entanto, era um aviso claro de que as forças ainda remanescentes não hesitariam em pegar em armas em vez de se renderem, enquanto não tivessem oportunidade de abandonar a Península Coreana.
Durante os meses finais de 1598, os japoneses intensificaram o processo de retirada. É certo que houve escaramuças e pequenas batalhas pelo meio que conheceram os mais diversos resultados.
A 17 de Dezembro de 1598, e já quando a evacuação japonesa se encontrava muito perto de se completar, o almirante Yi Sun Sin procurou surpreender, durante a noite, uma frota japonesa ancorada no Estreito de Noryang. E o seu sucesso é imediato. Metade das embarcações é destruída ou fica em chamas. Os japoneses procuram reorganizar-se e tentam atacar o navio do almirante aliado chinês Chen Lin. O então almirante coreano Yi Sun Sin foi em seu socorro, empunhando mesmo um arco. No entanto, as tropas nipónicas apercebem-se de que não têm condições para se manterem nos combates e tentam acelerar a sua fuga. O almirante coreano Yi Sun Sin ordenou uma perseguição ousada de forma a garantir a vitória. Os japoneses iriam perder 450 dos seus 500 navios, lamentando milhares de baixas. No entanto, a vitória coreana ficaria manchada pela perda do seu herói – o almirante coreano Yi Sun Sin não resistiria a uma bala disparada por um atirador japonês que o atingiu na axila esquerda (outros referem que foi no peito). O alto responsável coreano pediu, nos seus derradeiros fôlegos, para que ocultassem a notícia da sua morte de forma a não ser comprometido o triunfo na batalha. O seu corpo seria coberto por um escudo, e os três oficiais associados que tiveram conhecimento da situação remeteram-se ao silêncio, só divulgando o "martírio" de Yi Sun Sin após o final das escaramuças. Durante a batalha, e além do falecimento do seu líder militar, os coreanos perderam cerca de 500 homens.
Não obstante, não há dúvidas de que o almirante Yi Sun Sin, nem sempre bem compreendido pelo frágil monarca coreano Seonjo, salvou o seu país da ameaça japonesa, devolvendo o orgulho ao seu povo, mesmo quando tudo parecia jogar contra a sua causa. Ajudou a vencer uma guerra turbulenta, e morreu a combater nos últimos suspiros desta.
As Guerras Imjin (Invasões da Coreia pelo Japão) decorreram entre os anos de 1592 e 1598, tendo provocado, pelo menos, um milhão de mortes, entre civis e soldados.
Em 1601, Coreia e Japão iniciavam finalmente conversações de paz. Nos anos seguintes, muitas trocas de prisioneiros iriam ter lugar, e as relações políticas e comerciais acabariam por ser normalizadas. Para trás, ficou um rastro de sangue, destruição e vários episódios horrendos com atrocidades a serem cometidas por ambos os lados.
Local: Estreito de Myongnyang (
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Data: 26 de Outubro de 1597
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Forças Beligerantes
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Coreia
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Japão
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Comandantes, Generais,
Protagonistas
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Almirante Yi Sun Sin
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Tōdō Takatora
Katō Yoshiaki
Kurushima Michifusa †
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Número de Combatentes/Navios
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12 navios
Exército poderoso (não contabilizado)
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130 navios
Exército poderoso (não
contabilizado)
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Baixas Estimadas:
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0 navios
Entre 2 a 10 soldados
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30 navios
(8 a 12 mil soldados)
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Resultado: Apesar da clara inferioridade
numérica, o almirante coreano Yi Sun Sin conseguiu tirar proveito da coesão
dos seus barcos-tartaruga e do alto calibre do seu poder de fogo (canhões) para
provocar a debandada da expedição nipónica. As correntes e as marés do
Estreito de Myongnyang também contribuíram, de forma determinante, para a desorganização
e retirada em pânico da frota japonesa.
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Tabela nº 1 - Dados da Batalha de Myongnyang (1597)
Imagem nº 11 - Os japoneses são surpreendidos no Estreito de Myongnyang nos dias derradeiros de Outubro de 1597. Os inúmeros barcos japoneses começam a colidir entre si devido às marés agitadas do lugar e não resistem ao poder de fogo dos canhões dos navios-tartaruga coreanos dispostos em formação.
Créditos: Alchetron
Imagem nº 12 - O Almirante Yi Sun Sin (1545-1598) é atingido fatalmente pelo disparo de um arcabuz japonês, quando os coreanos tinham praticamente carimbado o triunfo na batalha naval de Noryang. Ele que havia ajudado a ganhar esta guerra, embora nunca tenha saboreado a sua glória.
Retirada de: https://www.pinterest.pt/pin/568438784199716149/ (Peter Denis)
Referências Bibliográficas:
- MACEDO, Emiliano - A Montanha e o Urso: Uma História da Coreia. Columbia/San Bernardino: Amazon Independent Publishing, 2011.
- PEREZ, Louis (Ed.) - Japan at War: An Encyclopedia. Santa Bárbara/Califórnia: ABC Clio, 2013.
- TURNBULL, Stephen - Busan (1592), Hansando (1592), Byeokjegwan (1593), Haengju (1593), Jinju (1593), Chilchonryang (1597), Myongnyang (1597), Sacheon (1598), Noryang (1598) in 1001 Battles That Changed The Course of History. Ed. R. G. Grant. Londres: Quintessence Editions, 2011.
- https://www.infopedia.pt/$coreia, Porto Editora, 2003-2019. (Consultado em: 17/11/2019).
- Documentário do Canal História sobre os grandes feitos ao nível da Maquinaria Belicista, o qual foi projectado no passado mês de Agosto.
- http://www.samuelhawley.com/imjinarticle1a.html, (Artigo da autoria do esscritor Samuel Hawley que publicou uma obra sobre "The Imjin War - Japan's Sixteenth-Century Invasion of Korea and Attempt to Conquer China", consultado em: 17/11/2019).
- Wikipédia (artigo em versão espanhola sobre as Guerras Imjin que surge com muita bibliografia reunida, dando alguma credibilidade ao artigo, consultado em: 17/11/2019).
- https://www.koreapost.com.br/conheca-a-coreia/historia/dinastia-joseon-e-cultura-ocidental/, (Consultado em: 17/11/2019).
- https://www.thoughtco.com/the-imjin-war-1592-98-4016849, (Consultado em: 17/11/2019).
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