Nascida em 1207 na Hungria, era filha do rei magiar André II (o qual havia participado nos primórdios da malograda Quinta Cruzada) e da rainha Gertrudes. Talvez com 4 ou poucos mais anos de idade, Isabel deixou a Hungria para viver na Turíngia (Germânia central), onde como veremos, contrairia matrimónio.
Desde cedo, começou a nutrir uma notável afeição pelo culto cristão, sentindo-se realizada quando visitava muitas das igrejas e capelas da região. Isabel era uma criança dócil, simples, pura e inocente. A sua mãe faleceria quando ela nem sequer tinha 10 anos de idade. Pouco tempo depois, era a vez do Duque Herman, responsável pela sua protecção e que era igualmente pai do seu futuro esposo, falecer repentinamente. Com apenas 13 ou 14 anos (o que era muito habitual na Idade Média), casou-se com o influente Duque Luís da Turíngia, formalizando o matrimónio que já havia sido prometido desde a tenra infância. Houve quem tivesse feito de tudo para evitar este casamento, porque Isabel era uma jovem piedosa e desligada da sumptuosidade que coloria a corte, não seguindo assim os regulamentos de etiqueta. Foi mesmo perseguida e alvo de discriminação e maus tratos, contudo o duque Luís (tal como o seu falecido pai Herman) eram cristãos justos e convictos e, como tal, admiravam muito o valor da jovem, estando dispostas a protegê-la dos maus olhares e da inveja.
Graças ao seu específico carácter, a princesa não esbanjou as suas posses ou rendas para concretizar os seus caprichos, pois sabia que eram muitos aqueles que atravessavam sérias dificuldades no seu tempo. Por isso, começou a distribuir esmolas e alimentos pelos pobres, e inclusive chegou ao ponto de ceder o seu próprio quarto para tratar das chagas dum leproso que desesperadamente pedia uma moeda junto à porta do castelo. O prestígio de Isabel crescia nos meios populares, mas na corte as críticas eram muitas, porque acusavam-na de estar a delapidar o património em causas pouco significantes (no entender dos seus detractores).
Isabel estaria ainda a par da divulgação dos ideais franciscanos, os quais teriam influenciado a sua visão sobre a vida. Dentro deste contesto, os exemplos de Francisco e Clara de Assis encorajaram-na a seguir um modelo de simplicidade e humildade.
No ano de 1226, uma grande crise instalou-se na Alemanha, sentindo-se fortemente os efeitos mais negros na Turíngia. A fome assolou a região e causou inclusive um número considerável de mortes. Pelos campos e estradas, visualizavam-se cadáveres dispersos de quem não tinha conseguido ultrapassar aquele momento crítico e cruel. Aproveitando-se da ausência do seu marido (estava em Itália com o imperador germânico Frederico II), Isabel deu ordens expressas para que se socorressem os mais necessitados. Investiu o dinheiro do tesouro ducal na caridade e no cuidado dos doentes. Contra à vontade de alguns administradores, mandou também abrir os celeiros do castelo, para que assim muitos conseguissem ter, pelo menos, acesso a uma ração diária. Terá ainda promovido a fundação de três hospitais para auxiliar os enfermos. Apesar dos seus inúmeros e incansáveis esforços de generosidade, viu muita gente a morrer à sua frente por fraqueza ou doença. Depois do período de desolação, cedeu sapatos, roupas e ferramentas a muitos dos trabalhadores, que haviam resistido àquele ano difícil, e assim puderam voltar aos campos para cultivar o trigo e demais produtos fundamentais para a subsistência das comunidades.
No ano de 1227, o seu marido procura acompanhar novamente o imperador germânico Frederico II, desta feita na jornada da Sexta Cruzada. Embora não tivesse havido lugar a qualquer derramamento de sangue, mas sim um acordo diplomático com o sultão egípcio al-Kamil que garantia o retorno de Jerusalém às mãos cristãs, a verdade é que Luís, duque da Turíngia e esposo de Isabel da Hungria, faleceria (vítima de peste) antes deste tratado, muito provavelmente na localidade italiana de Otranto, ainda antes da concretização da viagem marítima rumo à Terra Santa, cenário que abalou profundamente a situação da sua mulher.
Sem a protecção de Luís, Isabel ficava à mercê dos dois cunhados (Henrique e Conrado) que nunca a acolheram bem para além de denunciarem os seus actos excessivos de caridade. A partir deste momento, é expulsa do castelo com os seus três filhos sem terem direito a levar nada consigo. Para além disso, foi proibido que qualquer habitante da região lhes desse abrigo. A mendicidade esperava a ainda jovem duquesa, embora se desconheçam os contornos exactos desta experiência difícil. De acordo com alguns biógrafos, terá existido um morador que não resistiu em recompensar a sua bondade, e mesmo temendo consequências duras, cedeu-lhe um lugar, embora a princesa e os seus filhos tivessem que se esconder numa espécie de cavalariça ou chiqueiro, convivendo com os porcos e demais animais. De acordo com esta linha teórica, o seu refúgio acabaria por ser descoberto algum tempo depois, acabando por ser posteriormente aprisionada, em péssimas condições, numa das dependências do castelo. Outros biógrafos referem que ela recusou um casamento vantajoso para escapar daquela terrível conjuntura. Porém, é imperioso alertarmos os nossos leitores que pouco se sabe sobre esta fase específica da vida da santa, a qual como veremos foi temporária. Apenas podemos aceitar que Isabel, após ser expulsa pelos seus cunhados, vagueou em condições miseráveis na procura do alimento para si e seus filhos.
Certo é que esta enorme injustiça de que ela e os seus filhos tinham sido alvo iria conhecer o seu próprio fim. Henrique e Conrado, talvez influenciados pela reprovação corajosamente feita pelos recém-chegados cavaleiros da Turíngia (que regressavam do Oriente e transportavam ainda os restos mortais do seu senhor - o duque Luís), demonstraram arrependimento pela conduta odiosa que tiveram para com a esposa e filhos do falecido cruzado e duque da Turíngia - Luís. A princesa voltou a ser aceite no castelo e os seus bens restituídos.
Na Sexta-feira Santa de 1229, Isabel da Hungria ingressou na Ordem de São Francisco, e tomou o hábito das Clarissas. Empregará os seus recursos na construção de igrejas, hospitais e de abrigos para crianças orfãs e deficientes. Para além de se dedicar à meditação e à caridade, despendeu várias horas a cuidar dos doentes pobres. No plano transcendental, o qual não pode ser confirmado pelo método científico, foram-lhe atribuídas algumas curas milagrosas.
Antes de entrar na Ordem, preocupou-se igualmente em assegurar o futuro dos seus três filhos: Herman seguiu a vida da corte e sucedeu assim ao seu falecido pai Luís IV na liderança da Turíngia, Sofia foi educada num convento mas tornar-se-ia duquesa de Brabant, e por fim, Gertrudes seguiu mesmo a vida religiosa num mosteiro feminino.
Praticamente dois anos depois, Isabel adoeceu com gravidade e acabou por falecer no dia 17 de Novembro de 1231. Em 1235, foi canonizada pelo Papa Gregório IX. O legado de compaixão que transmitira ao seu povo granjeou-lhe uma elevada popularidade que ainda hoje é visível na Hungria e na própria Alemanha (visto que ela viveu a maior parte da sua vida na Turíngia).
A sua história de vida é muito semelhante à da posterior santa homónima portuguesa (rainha e esposa de D. Dinis) que prestava actos de caridade pelos mais pobres. Aliás, ambas partilham a façanha do célebre Milagre das Rosas. Todavia, a princesa Isabel da Hungria viveria apenas 24 anos, mas todos eles suficientes para que fossem considerados exemplares e enriquecedores. Apesar da sua posição no topo da hierarquia medieval, ela preocupou-se com as necessidades do seu povo. Não suportava ver a fome, a doença e o sofrimento daqueles que a rodeavam.
Desde cedo, começou a nutrir uma notável afeição pelo culto cristão, sentindo-se realizada quando visitava muitas das igrejas e capelas da região. Isabel era uma criança dócil, simples, pura e inocente. A sua mãe faleceria quando ela nem sequer tinha 10 anos de idade. Pouco tempo depois, era a vez do Duque Herman, responsável pela sua protecção e que era igualmente pai do seu futuro esposo, falecer repentinamente. Com apenas 13 ou 14 anos (o que era muito habitual na Idade Média), casou-se com o influente Duque Luís da Turíngia, formalizando o matrimónio que já havia sido prometido desde a tenra infância. Houve quem tivesse feito de tudo para evitar este casamento, porque Isabel era uma jovem piedosa e desligada da sumptuosidade que coloria a corte, não seguindo assim os regulamentos de etiqueta. Foi mesmo perseguida e alvo de discriminação e maus tratos, contudo o duque Luís (tal como o seu falecido pai Herman) eram cristãos justos e convictos e, como tal, admiravam muito o valor da jovem, estando dispostas a protegê-la dos maus olhares e da inveja.
Graças ao seu específico carácter, a princesa não esbanjou as suas posses ou rendas para concretizar os seus caprichos, pois sabia que eram muitos aqueles que atravessavam sérias dificuldades no seu tempo. Por isso, começou a distribuir esmolas e alimentos pelos pobres, e inclusive chegou ao ponto de ceder o seu próprio quarto para tratar das chagas dum leproso que desesperadamente pedia uma moeda junto à porta do castelo. O prestígio de Isabel crescia nos meios populares, mas na corte as críticas eram muitas, porque acusavam-na de estar a delapidar o património em causas pouco significantes (no entender dos seus detractores).
Isabel estaria ainda a par da divulgação dos ideais franciscanos, os quais teriam influenciado a sua visão sobre a vida. Dentro deste contesto, os exemplos de Francisco e Clara de Assis encorajaram-na a seguir um modelo de simplicidade e humildade.
No ano de 1226, uma grande crise instalou-se na Alemanha, sentindo-se fortemente os efeitos mais negros na Turíngia. A fome assolou a região e causou inclusive um número considerável de mortes. Pelos campos e estradas, visualizavam-se cadáveres dispersos de quem não tinha conseguido ultrapassar aquele momento crítico e cruel. Aproveitando-se da ausência do seu marido (estava em Itália com o imperador germânico Frederico II), Isabel deu ordens expressas para que se socorressem os mais necessitados. Investiu o dinheiro do tesouro ducal na caridade e no cuidado dos doentes. Contra à vontade de alguns administradores, mandou também abrir os celeiros do castelo, para que assim muitos conseguissem ter, pelo menos, acesso a uma ração diária. Terá ainda promovido a fundação de três hospitais para auxiliar os enfermos. Apesar dos seus inúmeros e incansáveis esforços de generosidade, viu muita gente a morrer à sua frente por fraqueza ou doença. Depois do período de desolação, cedeu sapatos, roupas e ferramentas a muitos dos trabalhadores, que haviam resistido àquele ano difícil, e assim puderam voltar aos campos para cultivar o trigo e demais produtos fundamentais para a subsistência das comunidades.
Imagem nº 1 - A princesa Isabel da Hungria praticou vários actos de caridade, cedendo várias esmolas e alimentos.
No ano de 1227, o seu marido procura acompanhar novamente o imperador germânico Frederico II, desta feita na jornada da Sexta Cruzada. Embora não tivesse havido lugar a qualquer derramamento de sangue, mas sim um acordo diplomático com o sultão egípcio al-Kamil que garantia o retorno de Jerusalém às mãos cristãs, a verdade é que Luís, duque da Turíngia e esposo de Isabel da Hungria, faleceria (vítima de peste) antes deste tratado, muito provavelmente na localidade italiana de Otranto, ainda antes da concretização da viagem marítima rumo à Terra Santa, cenário que abalou profundamente a situação da sua mulher.
Sem a protecção de Luís, Isabel ficava à mercê dos dois cunhados (Henrique e Conrado) que nunca a acolheram bem para além de denunciarem os seus actos excessivos de caridade. A partir deste momento, é expulsa do castelo com os seus três filhos sem terem direito a levar nada consigo. Para além disso, foi proibido que qualquer habitante da região lhes desse abrigo. A mendicidade esperava a ainda jovem duquesa, embora se desconheçam os contornos exactos desta experiência difícil. De acordo com alguns biógrafos, terá existido um morador que não resistiu em recompensar a sua bondade, e mesmo temendo consequências duras, cedeu-lhe um lugar, embora a princesa e os seus filhos tivessem que se esconder numa espécie de cavalariça ou chiqueiro, convivendo com os porcos e demais animais. De acordo com esta linha teórica, o seu refúgio acabaria por ser descoberto algum tempo depois, acabando por ser posteriormente aprisionada, em péssimas condições, numa das dependências do castelo. Outros biógrafos referem que ela recusou um casamento vantajoso para escapar daquela terrível conjuntura. Porém, é imperioso alertarmos os nossos leitores que pouco se sabe sobre esta fase específica da vida da santa, a qual como veremos foi temporária. Apenas podemos aceitar que Isabel, após ser expulsa pelos seus cunhados, vagueou em condições miseráveis na procura do alimento para si e seus filhos.
Certo é que esta enorme injustiça de que ela e os seus filhos tinham sido alvo iria conhecer o seu próprio fim. Henrique e Conrado, talvez influenciados pela reprovação corajosamente feita pelos recém-chegados cavaleiros da Turíngia (que regressavam do Oriente e transportavam ainda os restos mortais do seu senhor - o duque Luís), demonstraram arrependimento pela conduta odiosa que tiveram para com a esposa e filhos do falecido cruzado e duque da Turíngia - Luís. A princesa voltou a ser aceite no castelo e os seus bens restituídos.
Na Sexta-feira Santa de 1229, Isabel da Hungria ingressou na Ordem de São Francisco, e tomou o hábito das Clarissas. Empregará os seus recursos na construção de igrejas, hospitais e de abrigos para crianças orfãs e deficientes. Para além de se dedicar à meditação e à caridade, despendeu várias horas a cuidar dos doentes pobres. No plano transcendental, o qual não pode ser confirmado pelo método científico, foram-lhe atribuídas algumas curas milagrosas.
Antes de entrar na Ordem, preocupou-se igualmente em assegurar o futuro dos seus três filhos: Herman seguiu a vida da corte e sucedeu assim ao seu falecido pai Luís IV na liderança da Turíngia, Sofia foi educada num convento mas tornar-se-ia duquesa de Brabant, e por fim, Gertrudes seguiu mesmo a vida religiosa num mosteiro feminino.
Praticamente dois anos depois, Isabel adoeceu com gravidade e acabou por falecer no dia 17 de Novembro de 1231. Em 1235, foi canonizada pelo Papa Gregório IX. O legado de compaixão que transmitira ao seu povo granjeou-lhe uma elevada popularidade que ainda hoje é visível na Hungria e na própria Alemanha (visto que ela viveu a maior parte da sua vida na Turíngia).
A sua história de vida é muito semelhante à da posterior santa homónima portuguesa (rainha e esposa de D. Dinis) que prestava actos de caridade pelos mais pobres. Aliás, ambas partilham a façanha do célebre Milagre das Rosas. Todavia, a princesa Isabel da Hungria viveria apenas 24 anos, mas todos eles suficientes para que fossem considerados exemplares e enriquecedores. Apesar da sua posição no topo da hierarquia medieval, ela preocupou-se com as necessidades do seu povo. Não suportava ver a fome, a doença e o sofrimento daqueles que a rodeavam.
Imagem nº 2 - Isabel da Hungria demonstrou uma generosidade invulgar para com os mais carenciados.
Imagem nº 3 - Amada pelo povo, Isabel da Hungria ajudava sempre que podia aqueles que mais necessitavam.
Imagem nº 4 - Isabel prestou cuidados a vários enfermos.
Retirada de: Wikipédia ("StElisabethKošiceAltar" por Of)
Referências Consultadas:
- http://www.arautos.org/especial/12074/Santa-Isabel-da-Hungria--Filha-de-rei-e-mae-dos-pobres.html, (Consultado em: 21-09-2014).
- http://www.ofs.pt/isabel_hungria.html, (Artigo da autoria do Frei Paulo Ferreira, consultado em: 21-09-2014).
- http://santo.cancaonova.com/santo/santa-isabel-da-hungria-padroeira-da-ordem-terceira-franciscana/, (Consultado em: 21-09-2014).
- http://franciscanos.org.br/?p=27800, (Consultado em: 21-09-2014).
- http://www.acidigital.com/biografias/Madres/isabel.htm, (Consultado em: 21-09-2014).
- http://padrejorgeguarda.cancaonova.pt/?p=416, (Artigo da autoria do Padre Jorge Guarda, consultado em: 21-09-2014).
Nota extra - Os duques ou governadores medievais da Turíngia eram designados como Landgraves, título germânico. Optamos no artigo pelo termo "duque" que, embora não sendo totalmente preciso, é o que mais se assemelha àquele estatuto germânico, e assim sendo, seleccionamos esta designação de forma a torná-la mais compreensível aos olhos dos nossos leitores.
ME AJUDOU MUITO NUMA PALESTRA QUE FIZ NA O.F.S..
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