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sábado, 26 de outubro de 2019

Egas Moniz, o cientista do cérebro

António Caetano de Abreu Freire, mais conhecido por Egas Moniz, nasceu em Avanca a 29 de Novembro de 1874. Era filho de Fernando Pina Resende Abreu Freire e de Maria do Rosário de Almeida de Sousa Abreu.
Os seus estudos seriam frequentados na Primária de Pardilhó, no Colégio de São Fiel dos Jesuítas (Castelo Branco) e depois no liceu de Viseu. Em 1894, conseguiu matricular-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde irá alcançar a licenciatura em 1900 e doutorar-se no ano de 1901. A partir de 1902, entra mesmo no quadro docente daquela universidade. Torna-se ali professor catedrático em 1910.
Egas Moniz sempre demonstrou um interesse especial pela área da Neurologia que estuda o sistema nervoso do corpo humano. Foi assim em Coimbra, e depois, em França, onde trabalhou com grandes neurologistas de Bordéus e Paris.
Em 1911, o conceituado cientista será transferido para a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa de modo a ocupar a cadeira de Neurologia que havia sido criada, de forma inédita, pela Primeira República. Chegou ainda a criar um consultório. Nesta nova fase da sua carreira, realizará investigações nas áreas da Angiografia Cerebral e da Leucotomia Pré-Frontal. Em breve, entrará na Academia de Ciências de Lisboa e se tornará ainda sócio de grandes academias estrangeiras. 
Sabemos também que Egas Moniz se dedicou à vida política, sobretudo na transição dos fôlegos derradeiros da Monarquia Constitucional para o dealbar da Primeira República. Dentro deste contexto, foi deputado de várias legislaturas entre 1903 e 1917, Ministro de Portugal em Madrid em 1917, Ministro dos Negócios Estrangeiros entre 1917-1918 e foi igualmente o primeiro Presidente da Delegação Portuguesa à Conferência da Paz em 1918, onde conseguiu reatar as relações entre a Santa Sé e Portugal, que haviam sido interrompidas em consequência da Lei da Separação. Em 1917, fundou o Partido Centrista Republicano, uma espécie de coligação dos partidos de direita, para fazer face ao governo do Partido Democrático. Resultante de uma dissidência do Partido Evolucionista, este novo partido apregoava uma aliança entre o capital e o trabalho, embora defendendo a introdução de medidas que dignificassem as classes trabalhadoras.
Apesar de ter sido um apoiante da efémera ditadura de Sidónio Pais (num contexto em que se tentava colocar fim à anarquia, à insurreição e à instabilidade da Primeira República), Egas Moniz sempre se revelou, ao longo daqueles anos, um democrata convicto e uma personalidade íntegra, e por isso, a sua vida política terminaria quando a ditadura militar de 1926, e depois, o Estado Novo se instalaram em Portugal.
Egas Moniz voltará ao seu labor de cientista, procurando combater o marasmo que existia nesta área. E aí continuará a deixar grande obra. Foi nomeado director do Hospital Escolar de Lisboa em 1922.
Em 1927, a Angiografia Cerebral, técnica inventada pelo cientista português e que passaria a ser utilizada para a detecção de anomalias nas artérias do cérebro, torna-se numa aposta ganha. Os Neurologistas passarão a usufruir de uma ferramenta importante para a investigação clínica em torno das neoplasias, hemorragias, aneurismas e outras mal-formações no cérebro humano. Assim abriram-se novos caminhos para o diagnóstico de tumores, aneurismas, malformações artério-venosas e traumas do crânio bem como para os futuros procedimentos de cirurgia cerebral. 
Por outro lado, Egas Moniz irá demonstrar interesse em abordar os distúrbios mentais humanos e, em 1935, assumiria a descoberta da técnica da Leucotomia Pré-Frontal (também muitas vezes associada à Lobotomia), que consistia em cortar a substância branca dos hemisférios cerebrais, para fazer o tratamento de certas doenças mentais tais como como esquizofrenia, psicoses, etc. Para a realização desta operação ele próprio criou o "Leucótomo". Apesar da técnica da leucotomia/lobotomia se achar hoje desacreditada devido aos seus efeitos secundários severos, a verdade é que, na primeira metade do século XX, foi uma novidade, dado que a retirada de um pequeno pedaço do cérebro permitia que os pacientes, com graves desequilíbrios mentais, pudessem tornar-se mais dóceis, passivos e fáceis de controlar. No entanto, também havia o risco de estes sofrerem convulsões após a operação, ou até ficarem em estado vegetativo. No entanto, na altura, a leucotomia pré-frontal constituiu um progresso importante dado que os médicos não conheciam ainda outras formas de tratar os doentes com debilidades mentais.
Em 1939, quando já contava com 64 anos, sofreu um atentado no seu consultório, por parte de um doente seu que, em estado paranóico, o tentou alvejar com oito tiros, dos quais cinco o atingiram. Quase por milagre, sobreviveu ao episódio e jubilou-se em 1944.
Egas Moniz receberia dois grandes prémios que atestariam o seu importante legado. Em 1945, recebe o Prémio de Oslo (pelos seus trabalhos sobre Angiografia Cerebral), e em 1949, receberá o Prémio Nobel da Medicina (muito devido à descoberta da Leucotomia Pré-frontal no tratamento de certas doenças mentais). Era o reconhecimento de uma notável carreira ao serviço da ciência.
Egas Moniz também foi coleccionador de artes, e deixou inclusivamente uma casa-museu em Avanca que hoje poderá ser visitada por qualquer um.
Além de alguma contribuição hospitalar, o médico/cientista foi ainda procurado por notáveis figuras do seu tempo tais como os poetas Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro que desejavam ouvir os seus conselhos ou trocar impressões eruditas. O nosso biografado deixou igualmente várias publicações inovadoras.
Egas Moniz viria a falecer, com 81 anos de idade, em Lisboa, a 13 de Dezembro de 1955.



Obras da sua autoria:

  • Alterações anátomo-patológicas na difteria, 1900 (Tese de Licenciatura).
  • A Vida Sexual - Fisiologia, 1901 (Tese de Doutoramento).
  • A Neurologia na Guerra,  1917.
  • Clínica Neurológica, 1925.
  • O Padre Faria na História do Hipnotismo, 1925.
  • Diagnostic des Tumeurs Cérébrales et Épreuve de l'Encéphalographie Arthérielle, 1931.
  • L'Angiographie Cérébrale. Sea Applications et Résultats en Anatomie, Physiologie et Clinique, 1934.
  • Tentatives Opératoires dans le Traitement de Certaines Psychoses, 1936.
  • La Leucotomie Préfrontal. Traitement Chirurgical de Certaines Psychoses, 1937.
  • Clínica delle Angiografia Cerebrale, 1938.
  • Die Cerebrale Arteriographie und Phlebographie, 1940.
  • Trombosis Y Otras Obstrucciones de las Carotidas, 1941.
  • Última Lição - Bibliografia, 1944.





Retrato de Egas Moniz, cientista português (1874-1955).
Quadro da autoria de Henrique Medina



Notas-Extra:

1 - António Caetano de Abreu Freire de Resende ficou conhecido como o apelido de Egas Moniz porque o seu tio, o padre Caetano de Pina Resende acreditava que a família Resende descendia, de linha directa, de Egas Moniz, célebre aio de D. Afonso Henriques. 

2 -  António Egas Moniz casou-se a 7 de Fevereiro de 1901 com a brasileira Elvira de Macedo Dias, mas o casal nunca teve filhos. 

3 - Em Lisboa, existe hoje o Hospital Egas Moniz, um dos mais importantes de Portugal.

4 - Além de Egas Moniz, só houve mais uma personalidade portuguesa a ganhar um Prémio Nobel. Trata-se de José Saramago, escritor, que venceu o prémio máximo da Literatura em 1998.



Referências Consultadas:

domingo, 13 de outubro de 2019

A História em torno do Dia Internacional do Trabalhador


Dia 1 de Maio, Dia Internacional do Trabalhador

A história do Dia 1 de Maio remonta ao ano de 1886, quando 500 mil trabalhadores se revoltaram em Chicago, nos Estados Unidos da América, contra a exploração laboral e a inexistência de direitos.
Na altura, os operários norte-americanos chegavam a trabalhar até 17 horas por dia, pelo que exigiam uma redução da carga de trabalho para 8 horas. A greve prolongou-se nos dias seguintes, causando a paralisação económica naquele estado.
No dia 4 de Maio, uma bomba rebenta no Haymarket Square, causando a morte de 7 polícias e de 4 civis, além de centenas de feridos. A polícia retaliou a partir desse momento com maior agressividade.
Apesar de não haver provas quanto às origens da explosão, e num processo judicial minado por estereótipos (e sem grandes provas processuais), 5 sindicalistas anarquistas foram condenados à morte (4 foram enforcados em 11 de Novembro de 1887, 1 suicidou-se na cadeia antes da execução da pena) e 3 ficariam detidos (2 com penas perpétuas). Todos os cinco condenados à morte frisaram em Tribunal, logo após conhecerem a sentença, que estavam dispostos a morrer em nome da liberdade e de uma causa justa.
Durante os protestos destes dias iniciais de Maio de 1886, morreriam dezenas de trabalhadores (não há um número concreto tendo em conta as diversas ocorrências registadas em Chicago) devido aos confrontos com a polícia.
No ano de 1893, o governador de Illinois ordenaria a revogação da sentença, embora tal não fosse suficiente para recuperar as cinco vidas que já tinham sido sentenciadas ao desaparecimento. 
Em França, no dia 1 de Maio de 1891, uma manifestação similar foi dispersada pela polícia, resultando na morte de dez manifestantes.
Actualmente, o Dia do Trabalhador nos EUA celebra-se na primeira segunda feira de Setembro, e não no dia 1 de Maio (ainda não reconhecido verdadeiramente naquele país) como acontece em várias nações.
O Dia Internacional do Trabalhador em Portugal (então verificado a 1 de Maio) começou a ser celebrado a partir da Revolução dos Cravos a 25 de Abril de 1974.




Imagem nº 1 - As manifestações pelos direitos laborais em Chicago alcançaram uma grande amplitude em 1886.



Nota-Extra I: No ano de 1890 (isto é, quatro anos após as manifestações de Chicago), os trabalhadores norte-americanos conseguiriam a redução da carga de trabalho para 8 horas diárias.

Nota-Extra II: Artigo publicado originalmente no dia 1 de Maio de 2019.

Curiosidades Históricas XXII-XXVIII


Curiosidades Históricas XXII - São Gonçalo de Amarante

Natural de Arriconha, aldeia do concelho de Vizela, São Gonçalo nasceria por volta de 1187 e faleceria em Amarante, algures entre os anos de 1259 e 1262. Assim sendo, teria vivido entre 70 a 75 anos.
Conhecido popularmente como São Gonçalo de Amarante, sabemos que esta personalidade viria a desempenhar uma notável missão espiritual.
Gonçalo começou por servir na Igreja de São Paio de Riba-Vizela e, desde cedo, desejou estudar para se tornar num sacerdote. Por isso, viria a frequentar as disciplinas eclesiásticas na escola-catedral da Sé Arquiepiscopal de Braga. Em breve, seria nomeado sacerdote ou pároco da freguesia de São Paio de Riba-Vizela (hoje São Paio de Vizela).
Mas São Gonçalo não queria ficar apenas confinado à sua região, pelo que sonhava visitar um dia os túmulos dos apóstolos de São Pedro e São Paulo bem como os Lugares Santos da Palestina. Dentro deste contexto, ele irá confiar por tempo considerável a sua própria paróquia a um sobrinho que mais tarde o irá trair. Os próximos 14 anos serão marcadas por muitas aventuras que parecem não ter sido relatadas pelas crónicas medievais. Gonçalo peregrinou primeiro, por Roma, e terá depois estado em Jerusalém. É quase certo que terá visitado muitos lugares sagrados, contudo desconhece-se que papel desempenhara naqueles palcos durante as suas estadias alargadas.
Quando regressou a Portugal, e mais concretamente à paróquia de São Paio de Riba-Vizela, foi escorraçado pelo seu sobrinho que não o reconheceu como legítimo sacerdote daquela terra, tendo ainda forjado documentos falsos para manter o seu posto a todo o custo.
Resignado, Gonçalo de Amarante passará então a viver como um eremita, pregando o Evangelho pelas povoações junto ao rio Tâmega, tendo conseguido converter várias pessoas. Na zona de Amarante, criará mesmo uma pequena ermida e promoveu a construção de uma ponte em granito sobre o Tâmega.
Pouco tempo depois, abraçará definitivamente a vida dominicana, ingressando no Convento de S. Domingos de Guimarães, cujo prior seria o notável pregador castelhano dominicano Pedro Gonçalves Telmo. A evangelização prosseguiria naquela região muito por iniciativa destes dois vultos que desejaram inculcar valores morais nas comunidades, de modo a que a estas aderissem às vivências cristãs autênticas.
Pouco mais se soube sobre a sua vida.
Muito tempo após a sua morte, Gonçalo receberia o estatuto de beato em 1561 por determinação do Papa Pio IV. São Gonçalo de Amarante é visto hoje como protector dos humildes e dos enfermos, além de ser casamenteiro das mulheres idosas.




Gravura dos séculos XVII-XVIII que retrata São Gonçalo de Amarante em peregrinação.
(Digitalizada pelo grupo "Cabral Moncada Leilões")


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Curiosidades Históricas XXIII - O Tratado de Alcanizes

O Tratado de Alcanizes foi assinado em 12 de Setembro de 1297 entre o rei D. Dinis de Portugal e o rei Fernando IV de Leão e Castela. O acordo foi rubricado no povoado castelhano de Alcanizes.
Este tratado definiu as fronteiras dos dois países, sendo que Portugal conservaria praticamente tais demarcações territoriais até aos dias de hoje, tornando-se a nossa fronteira na mais antiga da Europa.
De acordo com o teor do tratado, era salvaguardada a paz entre os dois reinos nos finais do século XIII.
Portugal prescindirá definitivamente das suas reivindicações em torno de Aroche, Aracena, Aiamonte bem como das fortalezas de Valência de Alcântara, Ferreira e Esparregal que agora pertencerão oficialmente ao reino castelhano. Por seu turno, o rei de Castela e Leão, Fernando IV, compromete-se a entregar aos portugueses as praças ou os castelos de Campo Maior, Olivença, Ouguela e São Félix dos Galegos, bem como reconhece o domínio português na região da margem esquerda do Guadiana, onde se incluiriam Moura, Serpa, Mourão e Noudar. Também as terras de Ribacoa, região situada sensivelmente entre a margem direita do rio Coa e a margem esquerda do rio Águeda, continuariam nas mãos portuguesas.
Escusado será dizer que este tratado não foi escrupulosamente cumprido pelo lado castelhano. É verdade que Campo Maior e Ouguela foram entregues aos portugueses, integrando hoje os domínios do Alentejo e Portalegre respectivamente, mas o mesmo não podemos dizer de Olivença e de São Félix dos Galegos que, em consequência de inúmeras vicissitudes, nunca chegaram a integrar os domínios definitivos do reino de Portugal.
Todavia, não se julgue que o Tratado de Alcanizes foi um fiasco para Portugal. Pelo contrário, permitiu ao rei português uma paz estável com Castela, a qual poderia durar até 40 anos. Assim sendo, o soberano português poderia concentrar-se exclusivamente na organização administrativa e no desenvolvimento económico do seu reino. A prosperidade exige estabilidade, e na Idade Média, a estabilidade nascia através de tratados entre potenciais estados rivais.
E Portugal definia assim as fronteiras que ainda hoje permanecem intactas, sendo aquelas as mais antigas do Mundo.




Gravura que exibe o documento do Tratado de Alcanizes (1297)
Direitos de Imagem: RTP Ensina


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Curiosidades Históricas XXIV - O Enigma em torno da lendária Escola Náutica de Sagres

Ao longo de muito tempo, se escreveu em vários livros e artigos que o Infante D. Henrique havia criado uma Escola Náutica em Sagres no decurso do século XV. Muitos alegaram inclusivamente o papel fundamental desenvolvido por esta escola que serviria para conceder formação a navegadores, tanto portugueses ou estrangeiros, que assim adquiriam preciosos conhecimentos nas áreas da cartografia, geografia, matemática e astronomia/cosmografia.
Todavia, e de acordo com averiguações modernas, tudo não terá passado de um mito. Não existem sequer quaisquer evidências arqueológicas que confirmem a existência de uma grandiosa escola náutica em Sagres que tivesse catapultado Portugal para o sucesso nos descobrimentos.
É certo que em 1443, o infante D. Henrique irá pedir ao seu irmão, o regente D. Pedro, a concessão da região de Sagres para ali fundar uma vila, onde todos os navegadores poderiam receber apoios ao nível de mantimentos e abrigos. No entanto, e apesar da vila ter sido construída, em nenhum momento é referida, na documentação do século XV, a existência de uma escola náutica naquele povoado algarvio.
De acordo com o historiador Duarte Leite, terá sido Samuel de Purchas, escritor e clérigo inglês, que foi o construtor de tal mito no ano de 1625, história que acabaria posteriormente por ser difundida na Europa inteira e validada acriticamente como verdadeira. Era pois uma questão de tempo até que escribas e cronistas portugueses adoptassem também esta versão dos acontecimentos.
Contudo, as investigações mais recentes viriam a refutar a tese de uma escola náutica em Sagres. Não foram encontradas ruínas, documentos ou artefactos em Sagres que remetessem para essa hipótese. Nem sequer os primeiros biógrafos do Infante D. Henrique fizeram alusão à sua existência.
Sabemos sim que terá existido uma escola náutica portuguesa, não em Sagres, mas sim noutra povoação algarvia - Lagos. Aqui sim, terá sido visível um movimento que, após décadas de explorações marítimas, acabou por reunir informações náuticas determinantes que assim contribuíram para as grandes façanhas da expansão marítima portuguesa.
A Escola Náutica de Sagres não terá passado de uma lenda que foi alimentada por historiadores estrangeiros, por escritores portugueses posteriores e ainda em manuais de história adoptados nas escolas, contudo não existem factos da época que concretizem de forma inequívoca a presença deste equipamento ou estrutura de excelência.
No entanto, a sua inexistência não afecta, em momento algum, os méritos e os elevados conhecimentos que os portugueses assimilaram sobre os oceanos, mares e rios de então, desvendando novas terras e povos, como nunca antes havia acontecido!




O Infante D. Henrique foi um grande impulsionadores dos Descobrimentos Portugueses.
Imagem retirada de: https://historiazine.com/


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Curiosidades Históricas XXV - O Desastre de Tânger

O Desastre de Tânger, ocorrido em 1437, foi um dos maiores fiascos militares de Portugal no Norte de África, aquando dos seus planos de expansão.
Os portugueses tinham tomado Ceuta em 1415, pelo que procuravam agora consolidar a sua presença em Marrocos, conquistando novas praças.
Tal como Ceuta, Tânger era uma praça costeira que oferecia uma localização estratégica vantajosa no Estreito de Gibraltar. O infante D. Henrique demonstrou, desde cedo, o seu interesse em conquistar tal região. Refira-se que o projecto militar do infante esteve longe de ser consensual. Dentro da ínclita geração, os seus irmãos, o príncipe (e depois rei) D. Duarte, o infante D. Pedro, duque de Coimbra, o Infante D. João, Duque de Reguengos, e seu o meio-irmão D. Afonso, Conde de Barcelos, demonstraram as suas renitências sobre um eventual ataque de grande envergadura contra as possessões do então sultanato merínida de Marrocos. Mas o infante D. Henrique continuou a pressionar o rei D. Duarte, conseguindo ainda convencer o seu irmão mais novo Fernando, posteriormente apelidado de infante santo, a juntar-se à sua causa. Os infantes D. Henrique e D. Fernando haveriam de conseguir o que desejavam, mas iriam arrepender-se da decisão para o resto das suas vidas. Um pelos remorsos, o outro pelo cativeiro excruciante.
Em Agosto de 1437, as tropas portuguesas lideradas pelos dois infantes e estimadas num total de entre 7 a 8 mil soldados, deixaram Lisboa, e pouco tempo depois, chegaram a Ceuta, praça dominada pelos portugueses, para depois encetarem uma marcha terrestre rumo a Tânger (embora o infante Fernando ficasse incumbido de comandar a frota naval pela costa marítima). Durante o caminho, ainda tentaram uma investida contra Alcácer Ceguer mas encontraram uma sólida resistência, pelo que continuaram a jornada até Tânger.
No dia 13 de Setembro, chegaram a esta praça, iniciando o cerco. O infante D. Henrique mandou montar um acampamento militar o qual era protegido parcialmente por uma paliçada de madeira (com 2 metros de altura), fossos e estacaria, contudo ele subestimaria ou desvalorizaria os conselhos do rei D. Duarte que favoreceriam um assentamento estratégico em pleno areal de forma a terem acesso rápido aos navios e ao apoio da armada então ancorada. O rei D. Duarte tinha aconselhado ainda o seu irmão infante D. Henrique a retirar-se do cerco de Tânger caso não conquistasse a praça na primeira semana, dado que temia a chegada de um exército marroquino de socorro.
No dia 20 de Setembro acontece a primeira ofensiva contra os muros de Tânger. O infante D. Henrique liderava pessoalmente um dos cinco grupos de assalto. Contudo, os portugueses sofrerão duas ou três dezenas de baixas mortais e centenas de feridos. A artilharia portuguesa não era ainda suficientemente poderosa para abrir brechas nas muralhas, e as escadas de assalto, além de serem poucas, possuíam altura insuficiente para abordar as defesas de Tânger. No dia 30 de Setembro, e duas semanas depois do início do cerco, um grande exército muçulmano, estimado pelos cronistas portugueses em cerca de 100 mil homens (número talvez exagerado), chegaria em auxílio da praça moura cercada. 50 ginetes (cavaleiros de elite) que estavam às ordens de Rui de Sousa, alcaide-mor do castelo da Vila de Marvão, morrem nas primeiras escaramuças com o inimigo.
No dia 3 de Outubro, e após algumas manobras tácticas inconclusivas, o infante D. Henrique ordenou às suas forças que atacassem os flancos do exército mouro, tendo mesmo provocado a retirada do invasor inimigo. Ao mesmo tempo, os portugueses sofreram uma sortida das forças provenientes de Tanger que procuravam apoderar-se do acampamento militar português que estava descompensado devido ao ataque empreendido pelo infante. Contudo, o fidalgo Diogo Lopes de Sousa (mordomo-mor e conselheiro do rei) e o seu destacamento foram suficientes para anular este ataque inesperado, assegurando a defesa do arraial.
A 5 de Outubro, os portugueses conduziram um segundo assalto às muralhas de Tânger, contando com melhores escadas de acesso, com um poder reforçado de artilharia e com uma torre de cerco munida por dois canhões. Agora os confrontos serão mais duros e intensos, mas a guarnição moura, com recurso a pesadas cargas e flechas incendiárias, conseguiu uma vez mais levar a melhor.
A 9 de Outubro, Henrique encontrava-se a preparar o terceiro assalto, quando foi surpreendido pela chegada de um novo poderoso exército muçulmano liderado por Abu Zacarias Iáia Aluatassi, vizir do sultão merínida de Fez. Muitos governadores e reis mouros integravam a liderança deste exército marroquino unido que teria ainda uma dimensão superior à do anterior exército mouro de auxílio. Temendo a impossibilidade de derrotar este inimigo e já havendo deserções no lado luso, o infante D. Henrique planeia uma retirada organizada, contudo não terá tempo para a fazer, já que o inimigo investirá imediatamente sobre as forças nacionais. Os portugueses perderam os seus postos de assalto mais avançados, viram ser apreendidas ou destruídas as suas baterias (engenhos) de artilharia, e como se não bastasse, a fome e o desespero apoderaram-se do acampamento português. O Infante D. Henrique testará, ainda assim, as linhas do inimigo, mas não tem forças suficientes para os derrotar. O seu cavalo é atingido fatalmente em combate. Apeado, o infante só não tomba (ele que viria a ser nas décadas seguintes o cérebro da primeira era dourada dos Descobrimentos Portugueses) porque heroicamente Fernão Álvares Cabral e um grupo de companheiros vieram em seu socorro.
O bispo português de Ceuta corria de um lado para o outro, incentivando os soldados a resistir em honra da salvação final, absolvendo ainda os combatentes moribundos dos seus pecados em vida.
Muitos portugueses refugiam-se num palanque de madeira pré-fabricado, situado perto da praia, mas em breve ficarão sem acesso a mantimentos e água, enquanto são atacados recorrentemente pelo inimigo.
Impotentes e já com muitas baixas sofridas, os portugueses negociaram a rendição a 12 de Outubro, tendo ficado as conversações concluídas (e rubricadas) entre os dias 16 e 17 de Outubro de 1437. Os marroquinos permitiram a retirada do exército português (ou melhor, do que restava do corpo expedicionário) para os seus barcos, mas de mãos vazias, isto é, sem levarem consigo quaisquer tipo de armas, enquanto os portugueses se comprometeriam a devolver Ceuta em breve.
Portugueses e Marroquinos trocaram reféns que só seriam libertados quando cada lado cumprisse a sua parte. Como se sabe Portugal nunca devolveria Ceuta, pelo que Fernando, o Infante Santo, o principal refém escolhido de entre os portugueses para o cumprimento dessa cláusula, viveria o resto da sua vida em cativeiro, causando um interminável desgosto nos seus irmãos infante D. Henrique, que saiu intacto do episódio de Tanger, e D. Duarte, rei de Portugal que, não escondendo a amargura, seria sempre pressionado pelo conselho real e pela alta aristocracia a não abdicar de Ceuta em contexto algum.
Apesar do registo de quatro tentativas falhadas, Tânger seria finalmente tomada pelos portugueses no ano de 1471, na altura do reinado de D. Afonso V.




Direitos de Imagem: Gravura de Tânger, datada o séc. XVI, da autoria de Braun and Hogenberg. Neste exemplar, Tânger surgia retratada já como parte integrante do Império Português.


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Curiosidade Histórica XXVI - A Batalha de Arzila

Após o desastre de Tânger em 1437, e contando ainda com a praça de Ceuta no Norte de África, os portugueses lançam-se novamente no teatro de operações marroquino, durante o reinado de D. Afonso V.
O rei português queria vingar o calvário sofrido pelo infante santo D. Fernando, e encarava aquela região como uma fundamental alavanca para a progressão marítima portuguesa. Em 1458, os portugueses tomam Alcácer Ceguer, e em 1471, visarão a importante cidade de Arzila, cuja conquista poderia facilitar um cerco posterior a Tânger que ficaria assim isolada.
Além de tudo isso, Arzila era um dos locais da chegada do ouro proveniente da Guiné. Por outro lado, não era menos verdade que o cenário político era, desta feita, mais favorável para as hostes portuguesas até porque subsistiam naquele momento divergências entre os líderes muçulmanos. Aliás, o governador de Arzila, Mulay Ash-Sheikh, estava ausente da cidade, empenhado num cerco a Fez para tomar o lugar do sultão ali residente.
D. Afonso V organiza uma forte expedição para tomar a praça marroquina. Os portugueses partem de Lagos (Algarve) com uma armada composta por 30 mil homens e 477 navios.
A frota chega à costa de Arzila no dia 20 de Agosto, mas o desembarque não corre da melhor forma. Uma tempestade que então se fez sentir naquele momento implicou a destruição de alguns navios, vitimando mortalmente mais de 200 soldados, incluindo 8 fidalgos. Como se não bastasse, as perdas materiais dificultaram a construção do palanque, estrutura defensiva circular de madeira destinada a proteger o exército, além de que só dois equipamentos de artilharia pesada resistiram aos danos da intempérie.
O ataque começa no dia 21 de Agosto com um grande assalto dos portugueses que, imprimindo o seu poder de fogo (embora condicionado pelo episódio anterior), conseguem criar danos nas muralhas. Os defensores da guarnição estão dispostos a negociar a rendição, mas os portugueses rejeitam. Os muçulmanos resistirão por mais três dias, registando-se baixas importantes de ambos os lados. Muitos moradores inocentes morrerão até que os portugueses controlem a praça de Arzila. Do lado português, sucumbirão igualmente figuras importantes tais como o conde de Monsanto, D. Álvaro de Castro, e o conde de Marialva, D. João Coutinho.
A conquista de Arzila em 24 Agosto de 1471 permitiu aos portugueses a obtenção de 80.000 dobras de ouro e de muitos cativos.
Quando ainda se encontrava em Arzila, D. Afonso V é informado de que os habitantes de Tânger, temendo um massacre idêntico, tinham incendiado e abandonado a sua cidade. O rei português ficou insatisfeito porque seria obrigado a tomar Tânger pacificamente, o que lhe não permitiu concretizar a vingança que ansiava pelo martírio de D. Fernando, o Infante Santo. Assim sendo, em 1471, os Portugueses juntavam Arzila e Tânger às praças anteriormente conquistadas de Ceuta (1415) e Alcácer Ceguer (1458).
Em relação a Arzila, esta praça foi possessão dos portugueses entre 1471 e 1550 e, mais tarde, entre 1577 e 1589.




Direitos de Imagem - Gravura de Arzila no séc. XVI da obra Civitates Orbis Terrarum de Braun e Hogenberg,
Para saber sobre mais o legado português em Marrocos, consulte também a seguinte página: https://historiasdeportugalemarrocos.com/


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Curiosidade Histórica XXVII - A epopeia de Cristóvão Colombo

Cristóvão Colombo nasceu em 1451. Continua a debater-se qual terá o sido local de nascimento. A tese dominante é de que teria nascido em Génova. Mas outros historiadores levantaram a hipótese de ter nascido na Córsega, na Galiza, na Catalunha ou até mesmo em Portugal. Sobre a teoria de um eventual nascimento português, há quem associe Cristóvão Colombo ao concelho alentejano de Cuba ou a Colos, uma freguesia do município também alentejano de Odemira.
De acordo com o National Geographic, Cristóvão Colombo apaixonou-se pelo mar desde cedo. Seria corsário ao serviço de Renato de Anjou (antigo rei de Nápoles e duque da Lorena e de Anjou), trabalharia ainda nas rotas do Açúcar no Mediterrâneo e, com 20 anos de idade, começou a dedicar também o seu tempo à exploração do Oceano Atlântico.
Em 1479, irá contrair matrimónio com a portuguesa Filipa Moniz Perestrelo, filha de um antigo governador de Porto Santo. Cristóvão Colombo terá vivido no arquipélago da Madeira e iniciaria aqui uma reflexão sobre a possibilidade de alcançar a Índia das especiarias através de uma rota ocidental, o que implicava uma travessia exclusiva pelo Oceano Atlântico de forma a alcançar a Ásia.
Cristóvão Colombo apresentaria mesmo o projecto à coroa de Portugal, contudo viria a ser rejeitado por ser considerado de alto risco e por não atender à ideia comum e em voga entre os responsáveis portugueses de que a Índia só seria alcançada por uma rota contrária o que implicava todo um contornar do continente africano.
Após a recusa portuguesa, Cristóvão Colombo virou-se para Castela e apresentou a ideia aos Reis Católicos em 1486. Uma comissão de especialistas rejeitou inicialmente a sua proposta porque alegava que o plano apresentado assentava em cenários impossíveis de comprovar. A conquista de Granada e consequente expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica em 2 de Janeiro de 1492 fez com que o optimismo se apoderasse da coroa espanhola que se tornou agora mais receptiva em auscultar potenciais estratégias de natureza ultramarina. O acordo foi só uma questão de dois ou três meses. Os reis espanhóis aceitaram financiar a campanha, ficando Colombo responsável por garantir a soberania espanhola das novas terras descobertas. Segundo o National Geographic, Colombo seria nomeado ainda vice-rei perpétuo e governador de qualquer território que encontrasse, almirante hereditário do Mar Oceano, beneficiário de 10% dos tesouros descobertos e de uma oitava parte dos lucros do tráfico e do comércio.
No dia 3 de Agosto de 1492, Cristóvão Colombo zarpou da região de Huelva, comandando duas caravelas, denominadas a Pinta e a Nina, e uma nau, designada de Santa Maria. Contava com um total de 89 marinheiros. Pelo meio, ainda ancorou nas Canárias. Trinta e três dias depois, no dia 12 de Outubro, e quando a tripulação começava a demonstrar insatisfação de ver tanto mar, Cristóvão Colombo descobriu o ilhéu de Guanahani (baptizado imediatamente de São Salvador), nas Antilhas, porção da América Central que reúne várias ilhas. Colombo percorreria posteriormente o arquipélago das Bahamas e as ilhas de Cuba e do Haiti. Ao início, Colombo achava que tinha chegado finalmente às Índias, mas a verdade é que alcançaria um novo continente que nada tinha a ver com a tão ambicionada rota das especiarias. Aliás, Cristóvão trouxe apenas desta primeira expedição, no seu retorno até Espanha, uma pequena remessa de ouro e pérolas, aves exóticas e sete índios.
Entre 1493 e 1496, Cristóvão Colombo realizou uma segunda viagem onde exploraria melhor os arquipélagos das Antilhas, voltando a interessar-se pelas ilhas do Haiti, Cuba e Jamaica. Estabelecerá também nesta região insular as primeiras bases colonizadoras.
O navegador fará ainda uma terceira viagem entre 1498 e 1500, desembarcando na costa da actual Venezuela. Já nos anos compreendidos entre 1502 e 1504, Cristóvão Colombo empreendeu a sua quarta e última viagem onde explorou as Caraíbas Ocidentais, estando convencido de que a ilha de Cuba era a província chinesa de Bangui e que não deveria estar longe da Índia das especiarias que tanto desejava descobrir. Passou por Martinica, Santo Domingo, Panamá, Jamaica e enfrentou vários temporais. Pouco tempo depois, morrerá a rainha Isabel que tanto o apoiara. A chegada ao trono de Joana, filha dos reis católicos, e do seu marido Filipe irá fazer prevalecer uma mudança de prioridades no que diz respeito à estratégia imediata em torno da expansão marítima que parece ter abrandado.
No regresso, encontrando-se já doente e sem qualquer apoio, Cristóvão Colombo instalou-se no convento franciscano de Valladolid, em Espanha. Morreria a 20 de Maio de 1506, convencido ainda de que havia chegado à India, segundo nos conta o National Geographic.





Cristóvão Colombo chegaria às Antilhas, anunciando oficialmente a descoberta de um novo continente.


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Curiosidade Histórica XXVIII - Gil Vicente, Fundador do Teatro Português

Gil Vicente nasceu por volta de 1465, possivelmente em Guimarães. Gil Vicente viria a ser um dos génios mais notáveis da cultura portuguesa na viragem do século XV para o século XVI, tendo desenvolvido a sua obra durante os reinados de D. Manuel I e D. João III. Considerado como fundador do Teatro em Portugal, criaria diversos autos em que descrevia, de forma satírica, a realidade social do seu país.
A ele seriam atribuídas várias obras e peças nomeadamente: o “Auto da Barca do Inferno”, o “Auto da Visitação” (ou "Monólogo do Vaqueiro"), a “Farsa dos Físicos”, o “Clérigo da Beira”, a “Farsa dos Almocreves”, o “Auto da Índia”, entre outros.
Os seus escritos e interpretações artísticas começavam a causar muito boa impressão na corte real, iniciando assim uma carreira que se estenderia por mais de três décadas e que entreteria a família real e a alta nobreza. Gil Vicente foi escritor, encenador, actor e músico, animando múltiplos serões do paço.
Ao longo da sua vasta obra, Gil Vicente criticou as práticas de vários sectores sociais. A sua sátira, muitas vezes radical, não poupou nobres, clérigos, feiticeiras, alcoviteiras, juízes, médicos, entre outros.
Gil Vicente foi ainda um trovador, tendo redigido poemas que seguiam este estilo em concreto.
Conhece-se melhor a sua obra do que propriamente a sua vida. Alguns historiadores teorizam que Gil Vicente tinha sido um ourives que consumara a criação artística do valioso recipiente da Custódia de Belém, e que, por outro lado, havia ainda estudado na Universidade de Salamanca, mas nenhuma destas histórias foi cabalmente provada.
Sabemos sim que Gil Vicente se casou duas vezes, a primeira vez com Branca Bezerra e a segunda, já na condição viúvo, com Melícia Rodrigues. Do primeiro casamento, teve dois filhos Gaspar Vicente e Belchior Vicente, enquanto que do segundo casamento, resultaram três filhos: Paula Vicente, Luís Vicente e Valéria Borges.
"A rir é que se corrigem os costumes", este foi um dos lemas adoptados por Gil Vicente que manteve sempre um olhar crítico sobre a sua sociedade. Contando com a protecção da coroa, Gil Vicente teve a possibilidade de visar classes privilegiadas, denunciando os seus vícios, a sua hipocrisia e arrogância.
Gil Vicente faleceu em Évora, Portugal, no ano de 1536.




Direitos da gravura apresentada: "O Monólogo do Vaqueiro" apresentado na corte por Gil Vicente. Pintura da autoria de Roque Gameiro.