Omar Khayyam nasceu no ano de 1048 em Nishapur, povoação persa integrada na região do Khorasan (Coração). Provinha duma família de classe média-alta, onde se evidenciava o seu pai que havia exercido o papel de médico, embora as suas receitas fossem essencialmente de pendor herbanário.
Como usufruía duma realidade minimamente desafogada, Khayyam teve a possibilidade de frequentar os seus primeiros estudos na sua terra natal e ainda na cidade de Balj, assimilando conhecimentos relevantes nas áreas das ciências e da filosofia. Além da vontade de aprender todos estes ensinamentos, o erudito persa tenciona, desde cedo, explorar a sua própria criatividade, abrindo novos horizontes que até então se afiguravam inalcançáveis aos olhos da Humanidade.
No ano de 1070, Omar Khayyam visita uma das cidades mais antigas e exóticas do Oriente - Samarcanda. Tratava-se duma urbe com efervescência comercial, albergando mercados que se encontravam abarrotados por multidões desejosas de adquirir os seus famosos tecidos, cavalos e ainda o papel de óptima qualidade que era ali produzido. Por outro lado, a terra alojava frequentemente viajantes e mercadores (nomeadamente os da famosa Rota da Seda), o que fazia florescer o seu prestígio no exterior, além de permitir o convívio entre diversas culturas. Samarcanda motivaria inclusive a veiculação de lendas em seu torno e até entusiasmaria, mais tarde, escritores como Edgar Allan Poe (1809-1849) que um dia nos deixou este pequeno trecho textual bem elucidativo da sua opulência citadina:
Notas-extra:
1 - A realização deste artigo incidiu especialmente na recolha de informações extraídas do romance histórico "Samarcanda" de Amin Maalouf. Além do facto deste fascinante escritor ter idealizado o cenário da época, reconhecemos que a sua obra nos concedeu ainda algumas informações relevantes que nos parecem ser credíveis ou pertinentes e que, em muito, elevam o papel prestado por Omar Khayyam para a evolução da Humanidade.
2 - Há uma lenda antiga que associa uma eventual amizade de Omar Khayyam com outras duas individualidades persas do seu tempo - o vizir Nizam al-Mulk e o fundador da ordem dos Assassinos - Hassan Sabbah. Todavia, não reunimos factos concretos suficientes que atestem uma ligação muito próxima entre estas três personalidades (hipótese que até nos parece muito duvidosa), embora não descartemos de todo que se tivessem, pelo menos, conhecido em algum momento ou circunstância, visto que os três viveram praticamente na mesma região e na mesma época.
3 - Alguns investigadores acreditam que Omar Khayyam seria bastante céptico em termos de convicções religiosas ou até mesmo ateu (segundo o teor de algumas "rubaiatas"), contudo na obra "Samarcanda", Amin Maalouf apresenta-nos um homem de convicções muçulmanas, embora bastante afastado dos círculos mais fundamentalistas ou radicais, e exercendo assim um pensamento livre e independente face a dogmas religiosos. Contudo, neste ponto em concreto, reconhecemos que subsiste ainda muita discussão em torno da natureza das "crenças" de Omar Khayyam.
4 - Muitos dos poemas de Khayyam foram traduzidos para português por Alfredo Braga.
Referências Consultadas:
"E agora passeia o teu olhar por Samarcanda!
Não é a rainha da Terra? Altiva, acima de todas
as cidades, e com os seus destinos nas suas mãos?"
Imagem nº 1 - Antes de sofrer as terríveis depredações dos povos mongóis, Samarcanda era uma das cidades mais opulentas do Islão. A terra foi reconstruída na era de Tamerlão (1336-1405).
Retirada de: http://islam.pictures/tag/samarkand/
Efectivamente, Khayyam irá deparar-se com uma das cidades mais esplêndidas do Islão. Aí desfrutará da protecção do cádi local - Abu Taher que não hesitará em ceder-lhe um livro (ou "caderno"), completamente em branco, onde poderia depositar, através da escrita, os seus livres pensamentos ou raciocínios, evitando assim o risco de os pronunciar oralmente em público, o que decerto incomodaria os grupos religiosos mais fanáticos ou conservadores daquela era pouco tolerante. Aliás, o termo "filassuf" (filósofo) conhecia, naqueles tempos, uma sentido depreciativo, visto que designava qualquer pessoa que se interessasse demasiado pelas ciências profanas dos gregos em detrimento da religião ou de outras formas de literatura mais toleradas.
Em Samarcanda, Omar Khayyam irá compor um tratado de álgebra que se traduzirá na divulgação de noções inovadoras. De acordo com o escritor Amin Maalouf, Omar elaborou uma influente obra dedicada às equações cúbicas, onde para representar a incógnita adoptou o termo árabe chay (que significa "coisa") e que acabaria, mais tarde, por ser substituída pela letra x que se tornaria então no símbolo universal da incógnita. No entanto, não é só na área da Matemática que o intelectual dá cartas, mas também na poesia onde compôs, ao longo da vida, as suas famosas rubaiatas (estrofes de quatro versos, isto é, quadras) que se destinaram a glorificar o vinho, a mulher, o amor, os prazeres da vida e a natureza. Além disso, deixou-nos reflexões profundas sobre a vida (por exemplo: a sua origem, o seu destino, a sua efemeridade, os prejuízos das más acções/decisões...).
Naturalmente, o seu prestígio fizera despertar a atenção do sultão seljúcida Malik Shah e do seu poderoso vizir e estadista Nizam al-Mulk. Contando com o apoio garantido das altas dignidades do sultanato e das autoridades políticas locais, Omar Khayyam terá a oportunidade de erigir um observatório no decurso das suas estadias em Ispaão e Merv (actualmente Mary - Turcomenistão). De facto, a contemplação dos astros será uma das outras facetas culturais de Omar. O erudito reformará o calendário, dotando-o de uma maior precisão. Como astrólogo, não deixará de transmitir o respectivo horóscopo mensal a cada uma das individualidades que desejava conhecer as suas recomendações para o futuro que se avizinhava. Amin Maalouf acredita que Omar teria ainda realizado determinadas experiências no âmbito da previsão meteorológica que se alicerçaram num estudo minucioso dos fenómenos naturais do céu. Na matemática, será também um "genial precursor das geometrias não euclidianas".
Dado o seu elevado conhecimento científico, é possível que, à semelhança do seu pai, tivesse igualmente examinado alguns doentes, mas sobre essa eventualidade de natureza medicinal não conseguimos apurar elementos convincentes.
Naturalmente, o seu prestígio fizera despertar a atenção do sultão seljúcida Malik Shah e do seu poderoso vizir e estadista Nizam al-Mulk. Contando com o apoio garantido das altas dignidades do sultanato e das autoridades políticas locais, Omar Khayyam terá a oportunidade de erigir um observatório no decurso das suas estadias em Ispaão e Merv (actualmente Mary - Turcomenistão). De facto, a contemplação dos astros será uma das outras facetas culturais de Omar. O erudito reformará o calendário, dotando-o de uma maior precisão. Como astrólogo, não deixará de transmitir o respectivo horóscopo mensal a cada uma das individualidades que desejava conhecer as suas recomendações para o futuro que se avizinhava. Amin Maalouf acredita que Omar teria ainda realizado determinadas experiências no âmbito da previsão meteorológica que se alicerçaram num estudo minucioso dos fenómenos naturais do céu. Na matemática, será também um "genial precursor das geometrias não euclidianas".
Dado o seu elevado conhecimento científico, é possível que, à semelhança do seu pai, tivesse igualmente examinado alguns doentes, mas sobre essa eventualidade de natureza medicinal não conseguimos apurar elementos convincentes.
Imagem nº 2 - Omar Khayyam elogiou, na sua literatura, as mulheres e o vinho.
Passa o tempo bendito da minha juventude
Para esquecer, sirvo-me de vinho.
É amargo? É assim que ele me agrada,
Este amargor é o gosto da minha vida.
(Omar Khayyam)
No ano de 1092, teria rumado numa peregrinação a Meca, Cidade Santa do Islão, cumprindo o seu dever enquanto muçulmano.
Contudo, pouco se sabe, em termos cronológicos e de testemunhos documentais reunidos, sobre a sua real experiência de vida. Por outras palavras, conhece-se melhor a sua obra do que as suas vivências. Dentro deste contexto, não poderemos determinar com rigor científico a duração das suas estâncias em Samarcanda, Ispaão e Merv. Sabemos sim que terá passado os últimos anos de vida na sua terra natal - Nishapur, onde ensinou matemática, astronomia, filosofia (nomeadamente a de Avicena), medicina e ainda outras disciplinas. Aí faleceria no ano de 1131.
Durante os séculos seguintes, o seu legado cairia numa fase de semi-esquecimento, mas a partir do século XIX, a sua obra renascerá aos olhos do homem contemporâneo. A tradução dos seus poemas pelo escritor (e também poeta) inglês Edward Fitzgerald constituiu o primeiro passo para o redescobrimento da arte inerente aos seus pensamentos. A obra de Omar Khayyam chegava assim à Europa, conquistando gradualmente admiradores, tanto nos núcleos admiradores da poesia como naqueles círculos de eruditos interessados em questões de matemática ou astronomia.
Ao nível do seu pensamento espelhado nos escritos poéticos e filosóficos, devemos salientar que, apesar da sua presumível convicção muçulmana (vertente sunita; embora com uma prática alegadamente sufista), Omar Khayyam distanciava-se de algumas doutrinas ou dogmas, acreditando que, por exemplo, as ocorrências ou fenómenos observados poderiam não ser fruto da ingerência divina, mas que poderiam ser antes explicados pelas leis da natureza. Em si, é observado inclusive uma considerável dose de cepticismo que motivaria, mais tarde, discussões entre aqueles que se debruçaram sobre o seu legado. No entanto, é provável que, enquanto seguidor do pensamento de Avicena, Omar tivesse acreditado na unicidade de Deus (Tawhid: fé no Deus único; monoteísmo islâmico), não colocando em causa o princípio da origem divina do mundo e de todas as coisas. Por outro lado, realçamos também que o pessimismo e o materialismo estão muito presentes na sua obra.
Omar Khayyam foi um polímata, isto é, um homem que dominou várias ciências, recorrendo a concepções modernas e a raciocínios livres e independentes dos dogmas religiosos. As suas conclusões eram demasiado avançadas para a época em que vivera. Talvez, por causa disso, apenas o nosso mundo moderno o tenha finalmente compreendido, colocando-o no patamar dos génios que pisaram o solo deste planeta.
Contudo, pouco se sabe, em termos cronológicos e de testemunhos documentais reunidos, sobre a sua real experiência de vida. Por outras palavras, conhece-se melhor a sua obra do que as suas vivências. Dentro deste contexto, não poderemos determinar com rigor científico a duração das suas estâncias em Samarcanda, Ispaão e Merv. Sabemos sim que terá passado os últimos anos de vida na sua terra natal - Nishapur, onde ensinou matemática, astronomia, filosofia (nomeadamente a de Avicena), medicina e ainda outras disciplinas. Aí faleceria no ano de 1131.
Durante os séculos seguintes, o seu legado cairia numa fase de semi-esquecimento, mas a partir do século XIX, a sua obra renascerá aos olhos do homem contemporâneo. A tradução dos seus poemas pelo escritor (e também poeta) inglês Edward Fitzgerald constituiu o primeiro passo para o redescobrimento da arte inerente aos seus pensamentos. A obra de Omar Khayyam chegava assim à Europa, conquistando gradualmente admiradores, tanto nos núcleos admiradores da poesia como naqueles círculos de eruditos interessados em questões de matemática ou astronomia.
Ao nível do seu pensamento espelhado nos escritos poéticos e filosóficos, devemos salientar que, apesar da sua presumível convicção muçulmana (vertente sunita; embora com uma prática alegadamente sufista), Omar Khayyam distanciava-se de algumas doutrinas ou dogmas, acreditando que, por exemplo, as ocorrências ou fenómenos observados poderiam não ser fruto da ingerência divina, mas que poderiam ser antes explicados pelas leis da natureza. Em si, é observado inclusive uma considerável dose de cepticismo que motivaria, mais tarde, discussões entre aqueles que se debruçaram sobre o seu legado. No entanto, é provável que, enquanto seguidor do pensamento de Avicena, Omar tivesse acreditado na unicidade de Deus (Tawhid: fé no Deus único; monoteísmo islâmico), não colocando em causa o princípio da origem divina do mundo e de todas as coisas. Por outro lado, realçamos também que o pessimismo e o materialismo estão muito presentes na sua obra.
Omar Khayyam foi um polímata, isto é, um homem que dominou várias ciências, recorrendo a concepções modernas e a raciocínios livres e independentes dos dogmas religiosos. As suas conclusões eram demasiado avançadas para a época em que vivera. Talvez, por causa disso, apenas o nosso mundo moderno o tenha finalmente compreendido, colocando-o no patamar dos génios que pisaram o solo deste planeta.
Imagem nº 3 - Retrato de Omar Khayyam, sábio persa (1048-1131).
Imagem nº 4 - Mausoléu de Omar Khayyam em Nishapur.
Foto da autoria de Javad Jafari
Exemplos de Rubaiatas (Separadas) da autoria de Omar Khayyam
(Com tradução de Alfredo Braga)
"Se em teu coração cultivaste a rosa do amor,
quer tenhas procurado ouvir a voz de Deus,
ou esgotado a taça do prazer,
a tua vida não foi em vão"
"Noite, silêncio, folhas imóveis;
imóvel o meu pensamento.
Onde estás, tu que me ofereceste a taça?
Hoje caiu a primeira pétala"
"Eu sei, uma rosa não murcha
perto de quem tu agora sacias a sede;
mas sentes a falta do prazer que eu soube te dar,
e que te fez desfalecer"
"Acorda... e olha como o sol em seu regresso
vai apagando as estrelas do campo da noite;
do mesmo modo ele vai desvanecer
as grandes luzes da soberba torre do Sultão"
"Busca a felicidade agora, não sabes de amanhã.
Apanha um grande copo cheio de vinho,
Senta-te ao luar, e pensa:
Talvez amanhã a lua me procure em vão"
"Não procures muitos amigos, nem busques prolongar
a simpatia que alguém te inspirou;
antes de apertares a mão que te estendem,
considera se um dia ela não se erguerá contra ti"
"Além da Terra, pelo Infinito,
procurei, em vão, o Céu e o Inferno.
Depois uma voz me disse:
Céu e Inferno estão em ti"
"Não vamos falar agora, dá-me vinho. Nesta noite
a tua boca é a mais linda rosa, e me basta.
Dá-me vinho, e que seja vermelho como os teus lábios;
o meu remorso será leve como os teus cabelos".
"Cristãos, judeus, muçulmanos, rezam,
com medo do inferno; mas se realmente soubessem
dos segredos de Deus, não iam plantar
as mesquinhas sementes do medo e da súplica".
"Aquele que criou o Universo e as estrelas
exagerou quando inventou a dor.
Lábios vermelhos como rubis, cabelos perfumados,
quantos sois no mundo?"
"O bem e o mal se entrelaçam no mundo.
Não agradeças ao Céu
pela sorte que te coube, nem o acuses:
Ele é indiferente."
"Não pedi para nascer. Recebo, sem espanto ou ira,
o que a vida me entrega. Um dia hei de partir;
não me importa saber qual o motivo
da minha misteriosa passagem pelo mundo."
"Nesta noite caem pétalas das estrelas,
mas o meu jardim ainda não está coberto delas.
Assim como o céu derrama flores sobre a terra,
verto em minha taça o vinho da cor das rosas".
Imagem nº 5 - A poesia de Omar Khayyam ainda hoje aborda temáticas bastante actuais, nomeadamente sobre o papel do Homem neste Mundo.
Quadro da autoria de Edmund Dulac
1 - A realização deste artigo incidiu especialmente na recolha de informações extraídas do romance histórico "Samarcanda" de Amin Maalouf. Além do facto deste fascinante escritor ter idealizado o cenário da época, reconhecemos que a sua obra nos concedeu ainda algumas informações relevantes que nos parecem ser credíveis ou pertinentes e que, em muito, elevam o papel prestado por Omar Khayyam para a evolução da Humanidade.
2 - Há uma lenda antiga que associa uma eventual amizade de Omar Khayyam com outras duas individualidades persas do seu tempo - o vizir Nizam al-Mulk e o fundador da ordem dos Assassinos - Hassan Sabbah. Todavia, não reunimos factos concretos suficientes que atestem uma ligação muito próxima entre estas três personalidades (hipótese que até nos parece muito duvidosa), embora não descartemos de todo que se tivessem, pelo menos, conhecido em algum momento ou circunstância, visto que os três viveram praticamente na mesma região e na mesma época.
3 - Alguns investigadores acreditam que Omar Khayyam seria bastante céptico em termos de convicções religiosas ou até mesmo ateu (segundo o teor de algumas "rubaiatas"), contudo na obra "Samarcanda", Amin Maalouf apresenta-nos um homem de convicções muçulmanas, embora bastante afastado dos círculos mais fundamentalistas ou radicais, e exercendo assim um pensamento livre e independente face a dogmas religiosos. Contudo, neste ponto em concreto, reconhecemos que subsiste ainda muita discussão em torno da natureza das "crenças" de Omar Khayyam.
4 - Muitos dos poemas de Khayyam foram traduzidos para português por Alfredo Braga.
- MAALOUF, Amin - Samarcanda. Edição posterior (a original é de 1988). Tradução de Paula Caetano. Barcarena: Marcador Editora, 2015.
- http://pt.euronews.com/2013/11/01/samarkand-e-a-rota-das-sedas/, (Artigo do EuroNews, consultado em: 02-10-2015).
- http://www.biografiasyvidas.com/biografia/k/khayyam.htm, (Consultado em: 02-10-2015).
- http://www.britannica.com/biography/Omar-Khayyam-Persian-poet-and-astronomer, (Consultado em: 02-10-2015).
- http://www.famousscientists.org/omar-khayyam/, (Consultado em: 02-10-2015).
- http://www.alfredo-braga.pro.br/poesia/rubaiyat.html, (Site de Alfredo Braga que se debruçou sobre a tradução dos poemas de Omar Khayyam, consultado em: 02-10-2015).
- http://chadelimadapersia.blogspot.pt/2015/05/omar-khayyam-o-poeta-cientista-da-persia.html, (Consultado em: 02-10-2015).
Caro Pedro,
ResponderEliminarGratíssima por compartilhar sua pesquisa e conhecimento com o público. Estou preparando estreia das Rubaiyát com belíssima música de Francisco Mignone, seu texto me foi de grande valia.
Abraços e sucesso sempre,
Carolina Faria
muito boa sua pesquisa . eu tenho procurado uma edição com a tradução de Alfredo Braga - vc sabe dizer se foi editado / qual a editora ? quero comprar !!!!
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