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sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A aventura entusiasmante de Marco Polo

Uma das personalidades mais fascinantes da Idade Média foi, sem dúvida, o mercador e explorador italiano Marco Polo que se evidenciou no século XIII.
Nascido em Veneza no ano de 1254, Marco conheceria um futuro risonho no plano mundial, alcançando feitos notáveis que o tornaram num dos homens mais bem-sucedidos de todos os tempos. Pertencia a uma família de reputados mercadores que viviam assim na cidade independente de Veneza, cujo porto movimentado e efervescente atraía negociantes de variados países que aí chegavam carregados com jóias da Índia, ouro de África, perfumes das Arábias, seda e especiarias do Extremo Oriente, entre outras mercadorias exóticas.
A sua grandiosa viagem rumo ao longínquo Oriente começará a ser empreendida em 1271, contando ainda com as presenças do seu pai Niccolo Polo e tio Matteo Polo (estes últimos já tinham efectuado anteriormente uma jornada semelhante em 1260 de forma a adquirir, na fonte, os produtos orientais mais cobiçados na Europa a preços acessíveis, de forma que pudessem aumentar o lucro através da sua consequente redistribuição; e já detinham assim algum conhecimento prévio sobre os mais variados espaços longínquos, como já haviam igualmente contactado com o imperador mongol). Os três exploradores terão viajado mais de 15 000 milhas (atravessaram mares e terras, montanhas e desertos, enfrentaram naufrágios, piratas e saqueadores, sofreram na pele as extremas variações climáticas), culminando finalmente no desejado encontro perante o grande khan mongol da China - Cublaicão (ou Kublai Kan) que os receberá em 1275 no palácio de Shangdu (capital do império que corresponde actualmente a Pequim). Este grande estadista asiático demonstrava uma grande admiração pela família dos Polos, e por isso, confiava nos seus préstimos. O jovem Marco Polo que caiu então nas boas graças do líder mongol irá ocupar posições de topo na política imperial, embora se desconhecessem concretamente as funções que lhe terão sido destinadas. De acordo com algumas fontes, terá sido alegadamente investigador/enviado especial, inspector fiscal, embaixador, conselheiro e até governador da cidade de Yangzhou, contudo não há ainda certezas absolutas que atestem a ocupação por parte de Marco destes cargos referenciados. O que é certo é que a sua família foi sempre tratada com respeito e generosidade por parte de Cublaicão que admirava os conhecimentos daquele trio veneziano.
Durante esta permanência de 17 anos no Extremo Oriente, Marco conhecera a China (onde estabeleceria a sua estadia, assimilando a nova língua e costumes e testemunhando ainda o esteticismo arquitectónico dos seus palácios e as grandes festas populares), a Índia, o Tibete, a Birmânia e o Vietname, para além de outras regiões. Nas suas ostensivas explorações, ele memorizava tudo o que observava - os produtos cultivados, as chávenas de porcelana, os tecidos de seda, o tipo de habitação construída, as vestes das pessoas... Ficaria ainda rendido ao poderosíssimo imperador mongol que dispunha de inúmeros palácios, mansões, pavilhões, magníficos jardins e ainda possuía um leopardo que estava treinado para o acompanhar na caça, o que revela bem o carisma de Cublaicão. Marco deparou-se ainda com as inovações chinesas: o dinheiro-papel, as incríveis porcelanas, a queima do carvão e da pólvora...
Os três Polos deixarão a majestosa China em 1292, e após uma longa, perigosa e cansativa viagem, regressam a Veneza em 1295. Nesta altura, os seus amigos e familiares já os julgavam mortos e inclusive chegaram a desconfiar dos três viajantes cansados e sujos que lhes apareceram, os quais envergavam trajes chineses em mau estado, contudo quando estes mostraram os bens materiais que haviam acumulado, nomeadamente jóias, todos passaram a acreditar nas suas palavras e os receberam com uma grande festa. 
Em breve, Marco optará por aderir à armada veneziana que se destinaria a combater a cidade-estado de Génova (nesta época, a região itálica não assentava numa unidade política, dada a independência de várias cidades e províncias). A expedição não corre como planeada, e Marco acaba mesmo por ser capturado em 1298, permanecendo dois anos em cativeiro na cidade de Génova. Nos calabouços, conhece um escritor famoso - Rusticiano de Pisa, e este começa a redigir um livro, no qual narrará os feitos e conhecimentos que lhe eram transmitidos por Marco Polo, o qual revelaria então a sua saga pelo Extremo Oriente. Serão descritos vários lugares e culturas até então pouco conhecidas pela maior parte esmagadora dos europeus.
A história de Marco, que fora posteriormente copiada à mão para várias línguas (a imprensa não havia ainda sido inventada), tornar-se-ia preciosa visto que abordaria várias temáticas do continente asiático, nomeadamente a política, a agricultura, o poder militar, a economia, o sistema de enterramentos, as práticas sexuais, as filosofias e as religiões de cada povoação visitada. Marco Polo cedeu ainda algumas notas que conseguiu recolher, em segunda mão, sobre outras regiões que não teve a oportunidade de visitar, nomeadamente as ilhas do Japão e Madagáscar. 
Teve ainda a oportunidade de contactar com tribos indígenas que seguiam religiões pagãs e que viviam de forma selvática. 
O testemunho deste aventureiro, tão culto e corajoso, foi mais tarde aproveitado no tempo das descobertas que marcaram o início da Era Moderna. Por exemplo, Cristóvão Colombo estudou uma cópia das Viagens e até efectuou apontamentos nas margens.
Alguns críticos mencionam que Marco Polo poderá ter exagerado nas narrações, tendo acrescentando detalhes algo fantasiosos ou provavelmente irreais, porém o seu contributo, transcrito então por Rusticiano, foi essencial para o conhecimento cultural e geográfico do enorme continente asiático, recheado de diversas etnias e tradições singulares.
Pouco se sabe dos anos que se seguiram após a sua libertação do cativeiro em Génova.
Sabemos sim que Marco Polo faleceria por volta de 1324, mas o seu pensamento e legado ficou memorizado eternamente. 
Todavia, não teria sido o único europeu que se atreveu a conhecer espaços tão longínquos na Idade Média. Durante o pontificado de Inocêncio IV (1243-1254), os franciscanos João de Carpine e Lourenço de Portugal (sobre este último ainda persistem dúvidas sobre se realmente chegou a partir) e os dominicanos Ascelino da Lombardia e André de Longjumeau foram enviados aos imperadores mongóis, transportando consigo cartas do Papa destinadas àqueles líderes orientais, para assim incentivar à conversão daquela civilização ao cristianismo e procurar igualmente o ambicionado apoio político daquele grandioso e temível império.
Não há dúvidas de que se trataram de grandes feitos numa era em que as comunicações entre os continentes europeu e asiático eram rudimentares e bastante inseguras, com a probabilidade elevada de ocorrerem emboscadas ou pilhagens. Poucos seriam os que regressariam são e salvos, com uma longa e valiosa história para contar...




Mapa nº 1 - A longa viagem de Marco Polo, notável explorador italiano.
Retirada de: http://depts.washington.edu/silkroad/maps/marcopolo.html, (Créditos: Justin Odum).




Imagem nº 1 - Potencial retrato de Marco Polo (1254-1324).
Retirada de: http://www.yesnet.yk.ca/schools/projects/renaissance/marcopolo.html



Imagem nº 2 - Marco Polo diante do Grande Khan Mongol Cublaicão (1260-1294) com o qual manteve uma grande amizade.



Imagem nº 3 - O aventureiro veneziano na China medieval.



Imagem nº 4 - Marco Polo, a combater pelos venezianos, acaba detido pelos genoveses.
Retirada de: http://fineartamerica.com/featured/marco-polo-severino-baraldi.html, (quadro da autoria de Severino Baraldi).


Referências Consultadas:


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