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domingo, 17 de agosto de 2014

O Império Inca

Contexto Temporal e Geográfico

Apesar das suas origens serem ancestrais, a verdade é que esta civilização começa a obter destaque por volta do século XIII, embora o seu auge seja logrado no século XV com a instauração do império. O seu término dramático ocorreu no século XVI, com a chegada dos conquistadores espanhóis.
Os incas conseguiram formar um Império que compreendeu praticamente a costa andina, como resultado dum longo processo de submissão de várias tribos e estados outrora independentes. Foi mesmo o maior Estado da América pré-colombiana, compreendendo um território de mais de 4 200 km de longitude e que, no seu ponto máximo, terá sido habitado por 6 milhões de pessoas. O império conhecia divisões administrativas, de forma a reger minimamente as mais diversas regiões com etnias tão distintas. 
Ao contrário dos maias e dos astecas, os incas não conheciam a escrita. Veiculavam ainda uma história essencialmente lendária. 
Mesmo assim, não deixaram de alcançar um esplendor civilizacional que jamais poderá ser ignorado.




Mapa nº 1 - O Império Inca englobava várias regiões que hoje pertencem ao Perú, Chile, Bolívia e Equador.



Sociedade e Economia

O Estado Inca conhecia igualmente a sua própria estratificação social. No topo, reinava o Imperador, personalidade que reunia todos os poderes inerentes à governação e religião (ele era designado como "Filho do Sol"). A sua sucessão poderia motivar várias intrigas e disputas de poder, e por isso, era recorrente o silêncio em torno do falecimento do Inca até que se encontrasse um sucessor mais consensual e capacitado para a árdua missão de liderar um vasto império, evitando assim qualquer vazio de poder que pudesse permitir a revolta dos povos subjugados. Existia ainda um Conselho imperial que o acompanhava nas decisões tomadas.
Posteriormente, havia uma espécie de nobreza de sangue, com privilégios variados: acesso a uma boa educação, isenção de tributos, ocupação de cargos dirigentes, integração no sacerdócio, no exército e no ensino especializado, permissão da prática de poligamia, acesso a tribunais próprios, e exclusividade especial na ostentação de adornos...
Depois seguiam-se os caciques (curaca) que juravam obediência e lealdade (tinham mesmo de enviar os seus filhos, na qualidade de reféns, para a capital do Império - Cusco, os quais eram educados segundo a doutrina inca, e só mais tarde sucederiam aos seus pais no cargo) e controlavam assim o poder local.
O Estado Popular, pedra basilar nesta hierarquia social dada a sua maior quantificação demográfica, dedicava-se à lavoura, criação de gado, aos serviços de "mita", às obras públicas e a outras tarefas especiais. Aqui devemos ainda ressalvar alguns casos específicos, nomeadamente os mitimaes, aqueles que eram levados para longe da sua região de origem por via de sanção, conquista ou fim colonizador, os yanaconas, servos perpétuos nos campos, minas ou pastorio, e as acllas, as virgens do Sol, isto é, as mulheres consideradas mais belas do Império que tinham o privilégio de conseguir uma preciosa aprendizagem em torno de ciências domésticas, religião e tecelagem, estando assim destinadas ao posterior matrimónio com o Inca ou com membros da nobreza.
Os trabalhos realizados poderiam ser de âmbito comunitário (ayllu), no sentido em que os aglomerados partilhavam o seu labor numa residência comum, e repartindo os seus afazeres na lavoura e na criação de gado, ou de cariz individual e temporário (mita), cujos esforços eram dedicados em prol do Estado (por exemplo: obras públicas ou serviços especiais, ou cultivo de propriedade estatal). Neste último caso, podemos mesmo falar numa espécie de tributo que era prestado com trabalho ao Inca que detinha inúmeras terras e rebanhos, que eram assim cuidados pelos próprios habitantes. Naturalmente, foram criados sistemas de fiscalização e de burocracia para controlar todas estas questões inerentes ao Império. Para alcançar esta finalidade, existiam mesmo os quipu e os censos, embora não fosse fácil o domínio em regiões distantes e detentoras da sua própria dinâmica social.
Como menciona Ángel Sanz Tapia, "a economia dos incas é uma soma das diversas produções regionais, com a novidade que o estado e o sacerdócio (ou seja, o Inca e o Sol) possuíam em cada região terras próprias, trabalhadas segundo o regime de "mita", e cujos benefícios se destinavam à família real e ao culto religioso".
Dentro deste contexto, a produção agrícola dos incas assentava na batata, nas plantas típicas da puna, milho, feijão, juca, pimento, cabaças, miní, algodão, coca... Neste sector, já utilizavam adubos diversificados e uma espécie de enxada.
A criação de gado também era importante no Império, evidenciando-se maioritariamente nas serras. Aqui destacamos os casos dos lamas (utilizado para o transporte de cargas), alpacas, vicunhas e guanacos (estes três últimos forneciam lã e alimento). Também se alimentavam de patos e coelhos.
A pesca, valorizada nas regiões costeiras, e a caça, esta visando ursos, jaguares, raposas e veados, complementavam toda esta actividade económica.
No âmbito religioso, os incas também praticavam rituais com base no sacrifício simbólico de flores, frutos e outros produtos do campo, e na martirização sangrenta de lamas (e outros animais) e seres humanos, em especial crianças, de forma a atrair os melhores auspícios em relação ao Inca, às colheitas e ao futuro do Império. O sacerdócio asseverava assim a adoração dos ídolos típicos, punindo qualquer desvio. As grandes divindades incas eram: Viracocha (Deus Criador e Senhor do Mundo), Inti (o Deus do Sol e a divindade protectora da casa real; ganhou especial destaque no reinado de Pachacútec), Apu Llapu (Deus da Chuva e Divindade Agrícola), Pachamama (divindade relacionada com a terra, a fertilidade e o feminino; senhora das montanhas, planícies e rochas) e Pachacámac (espírito poderoso que alenta o crescimento de todas as coisas), entre outros...




Imagem nº 1 - Cerimonial religioso da civilização inca.
Retirada de: http://trilhaincacefetmg.blogspot.pt/


Inca emperors

Imagem nº 2 - O imperador Inca era visto como o Filho do Sol, e por isso era tratado praticamente como uma divindade terrena.
Retirada de: http://history.howstuffworks.com/south-american-history/incas.htm



Imagem nº 3 - Viracocha, o Deus fundador do Universo, segundo a mitologia inca.



O Império

O Império Inca tinha a sua capital em Cusco (ou Cuzco), no sul da serra peruana, aliás foi a partir daí que se iniciou uma expansão acelerada rumo aos domínios vizinhos.
Cusco era o centro do Universo, segundo a mentalidade desta civilização. Era a cidade sagrada pois aí residia o Inca, o filho do Sol. Era a capital religiosa, política, administrativa, económica e militar. Organizava-se em torno duma praça central, e albergava diversos bairros e ruas rectas, para além dos imprescindíveis palácios (reais ou nobiliárquicos), templos de culto, escolas, fortalezas e muralhas...
O seu imperador mais bem sucedido foi Pachacútec Inca Yupanqui (1438-1471), o qual revelou ser um exímio conquistador, para além de ter sido legislador e um impulsionador de várias transformações urbanísticas no seu extenso Império.
Em seguida, apresentamos uma tabela com o nome dos grandes líderes incas:



Imperador
(Sapa Inca)
Governação
Feitos/Acontecimentos
Pachacútec Inca Yupanqui
1438-1471
Célebre conquistador. Derrota a confederação dos Chancas que já detinha um desenvolvimento semelhante e aspirações de firmar a sua hegemonia naquela região.
Tomou os vales de Urubamba e Vilcanota, destruiu as terras chancas, apodera-se da região dos Collas até Titicaca, e pelo norte, consegue controlar a serra até Cajamarca.
Em termos administrativos, melhorou as comunicações, ergueu fortalezas e templos. Estabeleceu ainda o costume de desterrar povoações conflituosas para lugares distantes, de forma a evitar rebeliões.
Enquanto legislador, aplicou normas para a nobreza de serviço, administrativa e militar.
Túpac Yupanqui
1471-1493
Procedeu à continuidade da política expansionista. Conquistou a terra dos Chachapoyas e o reino de Chimú, tendo atingido Quito (Equador). Tomou ainda a região de Charcas e a metade norte do actual Chile.
Tentou penetrar na floresta amazónica mas a campanha não foi bem-sucedida.
Impôs normas de tributação nos territórios conquistados, organizando um aparelho fiscal (com colectores e governadores-visitantes) e instaurou a modalidade de servidão doméstica perpétua (destinada aos yanaconas).
Huayna Cápac
1493-1525
Destacou-se nas conquistas do extremo norte, controlando agora o golfo de Guayaqui e a ilha de Puná.
Todavia, não será um conquistador tão conceituado como os seus antecessores, visto que teve de dedicar-se a campanhas internas de pacificação de forma a suster as sublevações constantes dos povos subjugados.
As suas estadias em Cusco eram efémeras. Passou mais tempo em Tumibamba e Quito, facto que mais tarde ocasionará uma grave crise interna, visto que aquela última cidade ganharia um importante destaque, concorrendo com a capital inca – Cusco. A sua morte e a do seu principal herdeiro, vítimas talvez de varíola (propagada com a invasão europeia já em curso noutros solos do continente americano), abriu uma guerra entre dois filhos seus: Huáscar e Atahualpa.
Huáscar
1525-1532
Representava a facção da capital tradicional – Cusco.
O seu reinado é de enorme instabilidade, tendo este imperador perseguido todos aqueles, cuja lealdade era dúbia.
Com o seu irmão Atahualpa de Quito, travará uma sangrenta guerra civil em torno do poder imperial. Acabará por ser derrotado e executado pelo seu irmão Atahualpa que tratou igualmente de eliminar os seus familiares mais próximos, servidores e simpatizantes.
Atahualpa
1532-1533
Simbolizava as pretensões da cidade de Quito e a sua ambição desmedida em apoderar-se do trono inca, objectivos que geraram uma desgastante e terrível guerra civil. Tomará Cusco e executará o seu irmão Huáscar.
Pouco tempo depois, seria capturado e executado a mando de Francisco Pizarro, que comandava a invasão espanhola naquela região.
Seria assim o derradeiro imperador inca.



Nota extra – Houve outros soberanos que terão presumivelmente antecedido estes últimos que obtiveram maior destaque em termos de conquistas e assentamento político e cultural. Contudo, a história inicial dos incas radica em relatos orais lendários. Mesmo assim, optamos por mencionar os alegados incas proto-históricos que terão precedido estes que listamos (embora sem datas para os seus reinados): Manco Cápac (mítico fundador da dinastia e da cidade de Cusco), Sinchi Roca, Lloque Yupanqui, Mayta Ceapac, Cápac Yupanqui, Inca Roca, Yahuar Huátac e Viracocha Inca. Provavelmente, teriam sido apenas curacas locais (caciques) com alguma influência e poder, e não imperadores propriamente ditos, cenário que se terá mantido até ao reinado glorioso de Pachacútec Inca Yupanqui, iniciado em 1438. A partir daí, começamos notoriamente a conhecer a construção dum império real através de numerosas conquistas.




Imagem nº 4 - Descrição Pictórica de Cusco, a capital inca. (Autoria de Franz Hogenberg, séc. XVI, in Civitates Orbis Terrarum).



Imagem nº 5 - Ruínas da fortaleza inca de Sacsayhuaman (logo a norte de Cusco) que detinha torres e muralhas. 
Retirada de: http://www.yourperuguide.com/category/popularhighlights/cusco/, (foto de 2009 da autoria colectiva de Your Peru Guide).



Imagem nº 6 - Retrato do primeiro grande imperador inca -  Pachacútec Inca Yupanqui (1438-1471).




Imagem nº 7 - Atahualpa. último imperador dos incas, que seria morto sob as ordens do conquistador espanhol - Francisco Pizarro.






Cultura


A Civilização Inca não deixou de apresentar algumas novidades nas vertentes cultural e social, a saber:
  • A arquitectura inca desenvolveu-se bastante através da talha da pedra.
  • Construíram-se canalizações, canais, aquedutos e andenerias. 
  • Criaram-se caminhos, ruas, estradas, pontes, túneis, escadas, demonstrando assim a preocupação da administração inca em dispor duma boa rede de comunicações.
  • O sector da ourivesaria cresceu significativamente, dado que o ouro estava conotado com o Sol e por isso, era necessário nos cerimoniais sagrados. Este metal era utilizado para revestir as imagens do rei astro, do inca e de muitas divindades. Mesmo assim, também serviu para a indumentária, nomeadamente na feitura de luxuosos objectos de adorno, os quais eram destinados ao Inca e às famílias mais poderosas da nobreza. Assim sendo, a exploração mineira foi uma realidade no Império.
  • Verificou-se uma aposta na tecelagem, a qual nos deixou exemplares magníficos. Era uma prática comum que recorria à utilização do algodão, das lãs do lama, do alpaca e do vicunha, e da pele do morcego. As vestimentas eram decoradas com figuras em formato geométrico, conciliando várias cores vivas. Poderiam ser confeccionadas pedras preciosas de plumária.
  • Apesar da ausência de qualquer sistema de escrita, existia a língua quechua destinada exclusivamente às conversações orais.
  • Possuíam um calendário de 12 meses e conheciam a duração dos ciclos lunares, embora neste capítulo ainda não tivessem alcançado o nível de conhecimento que, por exemplo, fora demonstrado pelos Maias.
  • Utilizavam o quipu, um sistema de contabilidade que consistia numa série de cordas, unidas por uma principal, de cores diversas, e cujas combinações, serviam para registar quantidades. Foi um método bastante utilizado no âmbito das questões administrativas, tributárias e estatísticas. Também permitia a memorização de eventos e genealogias. Recorde-se que os Incas não tinham qualquer modelo de escrita.
  • Divulgação da Música e da Poesia (oral) que desempenharam papel de destaque em várias cerimónias, nomeadamente religiosas. Existiam ainda preces e hinos cantados às divindades.


Imagem nº 8 - Guerreiro Inca. Destacamos a sua indumentária, o que atesta a qualidade da tecelagem promovida no Império, bem como os desenhos do adorado Sol.




Imagem nº 9 - Os Incas exploraram bastante a metalurgia, exibindo as suas qualidades artísticas no sector da ourivesaria. 



Imagem nº 10 - Vaso inca de ouro exposto no Museu do Ouro em Lima (Perú).



Imagem nº 11 - O sistema de Quipu, utilizado para a contabilidade inca.



Imagem nº 12 - A Cidade Inca de Machu Picchu, com vários edifícios e caminhos, apesar de estar ocultada numa zona montanhosa.
Retirada de: http://www.travel-photographs.net/peru-photos/, (travel-photographs.net).



Queda do Império Inca

O auge político e militar dos incas parece dar sinais de declínio já no reinado do antepenúltimo imperador - Huayna Capac (1493-1525) que teve de abafar várias revoltas internas por parte de alguns povos subjugados. Para além disso, começou a preferir a estadia de Quito, remetendo a capital tradicional - Cusco para um plano inferior. É certo que os espanhóis comandados por Francisco Pizarro ainda não chegariam no decurso do seu reinado, contudo a praga fatal da varíola, transportada involuntariamente pelos colonizadores europeus para o novo continente, conheceu uma propagação imediata e catastrófica, tendo presumivelmente ceifado a vida a Huayna Capac e ao seu principal sucessor, o que motivou uma crise de sucessão muito profunda. Assim sendo, a varíola foi a primeira inimiga a chegar ao solo inca.
Huáscar de Cusco e Atahualpa de Quito eram filhos do anterior imperador, e ambos disputavam incessantemente o poder. A guerra civil será uma realidade, causando uma forte razia no exército e nas linhagens nobres. A decadência acentua-se e a destruição constante de terras torna-se uma constante. Após muito sangue derramado, Atahualpa levará a melhor, mandando deter Huáscar, e torna-se-à, em 1532, o novo imperador inca. É nesta altura que chega contingente espanhol liderado por Francisco Pizarro, grupo bem equipado com armas de fogo mas que apenas dispunha de entre 128 a 180 homens (outras fontes referem cerca de 200 soldados), revelando assim uma clara inferioridade numérica face às tropas que o Império ainda preservava.
Novamente, os incas cairão inicialmente no erro já cometido pelos astecas, recebendo generosamente os espanhóis, de pele branca, os quais seriam assim encarados como semi-deuses.
Contudo, Atahualpa, graças às informações dos seus mensageiros e espiões, apercebe-se a tempo da realidade, e não cometerá assim o erro de Moctezuma II (imperador asteca), pois acabaria por mudar de ideias, concluindo que afinal estaria a enfrentar uma invasão inimiga, e não a chegada dos deuses brancos. A partir daí, os espanhóis passarão a ser encarados doutra forma.
No dia 15 de Novembro de 1532, ocorreria o enfrentamento decisivo em Cajamarca. As forças de Atahualpa e Pizarro encontram-se. O imperador inca dispõe dum exército poderoso estimado em 80 000 homens, e o conquistador espanhol apenas contava com um pequeno contingente (talvez pouco acima dos 100 homens). Contudo, é Atahualpa que comete um erro crasso ao subestimar o inimigo, quando adere a uma tentativa de intermediação/conversação para evitar o confronto entre os dois lados, cuja reunião se deveria realizar na praça principal de Cajamarca. Assim sendo, o imperador inca desloca-se ao lugar indicado com a sua guarda-pessoal e acompanhado por nobres que lhe eram leais (isto para além de músicos, bailarinos e homens de carga, requeridos para a cerimónia), estimados num número inferior a 10 mil homens (deixando assim o grosso das suas forças no exterior da cidade). Não tinha portanto conhecimento de que se poderia tratar duma emboscada ou armadilha perpetrada pelos invasores.
Atahualpa e os seus homens foram recebidos aí pelos espanhóis, contudo o imperador inca, renitente face à crença no Deus cristão, decidiu atirar o livro sagrado, entregue pelo frade Vicente de Valverde, para o chão (esta acção também poderá dever-se ao facto dos incas não conhecerem qualquer sistema de escrita, e por isso, Atahualpa não percebia o conteúdo daqueles textos). Atahualpa recusava-se a aderir à nova religião e não pretendia prestar obediência ao rei de Espanha. Exigiu ainda que os espanhóis pagassem uma indemnização pelos danos causados no seu império.
Estes foram motivos mais que suficientes para que Pizarro legitimasse imediatamente um ataque devastador. As forças espanholas que ocupavam o redor da praça iniciaram um massacre terrível e impiedoso, tirando proveito do factor surpresa.
As forças incas estavam, naquele momento, mal equipadas para o confronto (é provável que muitos dos seus guerreiros estivessem desarmados perante tal emboscada que os apanhou desprevenidos), e o medo que tiveram das armas de fogo (nomeadamente mosquetes) e da cavalaria espanhola terão propiciado a sua desorganização e consequente caos. Procuraram escapar por todos os lados, mas a maior parte esmagadora dos seus efectivos foi esmagada pelo poder de fogo dos espanhóis.
O resultado é elucidativo - 7 000 incas (quase todos os que se encontravam na praça) foram chacinados na emboscada, e o seu imperador Atahualpa que testemunhou o banho de sangue, foi feito prisioneiro, após os membros da sua guarda-pessoal terem sacrificado as suas vidas para o tentar proteger. Do lado espanhol, até é provável que não tivesse havido qualquer baixa. Não houve sequer reacção das forças peruanas situadas no exterior que terão talvez abandonado as suas posições, ao ter conhecimento da captura do seu soberano.
A detenção do Imperador, uma divindade no entender dos Incas, foi encarada com total humilhação, causando um enorme transtorno psicológico à civilização que não conseguia compreender este desfecho trágico que afinal colocaria tudo em causa.
Perante a fragilidade dos Incas, Pizarro e a sua limitada tropa controlarão agora este vasto império, tomando a capital Cusco. O conquistador espanhol terá ordenado a prisão domiciliária de Atahualpa, o qual ordenou a execução do seu irmão Huáscar (anterior imperador) porque temia uma amizade deste com Pizarro. Para além disso, ofereceu vários presentes de ouro ao aventureiro hispânico de forma a comprar a sua libertação. Este aceitou de bom grado esta espécie de resgate, mas a sua resposta não será nada generosa pois ordenará o estrangulamento do seu prisioneiro - Atahualpa em 1533.
É verdade que entre 1536-1537, Manco Inca, filho de Huyana Cápac e irmão do falecido Atahualpa procurará ainda liderar um assalto a Cusco, mas novamente os espanhóis, embora agora com maiores dificuldades, repeliram o ataque e confirmaram assim a sua nova hegemonia sobre o Perú.
Estava assim concretizada a conquista do Império Inca, ocasionada pela habilidade militar do comandante Francisco Pizarro mas sobretudo pela inércia, ingenuidade e anarquia vivida no lado do adversário que não conseguiu sequer oferecer uma resistência tão significativa como por exemplo acontecera com os astecas.





Imagem nº 13 - A captura de Atahualpa pelos espanhóis após a emboscada sangrenta de Cajamarca. Depois de ser detido, acabaria posteriormente por ser estrangulado.
Retirada de: http://www.adonde.com/historia/1532_captura_atahualpa.htm





Imagem nº 14 - Francisco Pizarro, aventureiro espanhol, liderou a conquista do Império Inca com um contingente bastante diminuto.
Retirada de: http://pizarrobrb.weebly.com/conclusion.html




Referências Consultadas:


1 comentário:

  1. Gostei muito desta abordagem à grande civilização Inca.
    Continua assim e verás que um dia alguém te dará o verdadeiro valor.

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