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sábado, 19 de julho de 2014

Frederico Barbarossa, o líder germânico carismático

Vida Inicial e a sua Ascensão ao Poder


Frederico Barbarossa nasceu por volta do ano de 1122. Pertencia à influente casa senhorial dos Hohenstaufen. O seu apelido deriva da barba ruiva que pautava a sua fisionomia. 
No ano de 1147, torna-se duque da Suábia, e participa ao lado do seu tio e imperador Conrado III na malograda Segunda Cruzada (1147-1149) que se circunscreverá ao cerco falhado de Damasco. Mesmo assim, Frederico terá começado a dar provas do seu valor neste palco de guerra tão exigente e impiedoso, ganhando mesmo a confiança do Imperador. Não seria a última vez que batalharia no longínquo Oriente, pois é certo que haveria de voltar.
Com a morte de Conrado, será eleito pelos restantes príncipes germânicos como o novo imperador do Sacro Império Romano Germânico, cargo que desempenhará entre 1152 e 1190, totalizando assim um longo reinado de 38 anos.
Frederico tinha como mentores Carlos Magno e Otto I que governaram grandes impérios, e por isso, ambicionava igualmente colocar em prática planos expansionistas. Logo de início procurou pacificar e estabelecer a ordem na Germânia, fazendo concessões aos nobres de forma a evitar o seu descontentamento.



Imagem nº 1 - Retrato de Frederico Barbarossa, imperador germânico.



Campanhas na Itália

Frederico I nunca escondeu o desejo de garantir o domínio sobre Roma e outras grandes cidades italianas, tentando igualmente subjugar a Santa Sé.
O pretexto para a primeira invasão terá sido a instabilidade que se vivia naquela altura, com Arnoldo de Brescia a iniciar um movimento, talvez assente no Cristianismo Primitivo (onde a pobreza deveria ser o signo da Igreja), que terá incomodado bastante o Papa da altura - Adriano IV (1154-1159). Este último solicitou o auxílio do Imperador de forma a conseguir impor ordem.
Em 1155, Frederico entrou triunfantemente em Roma, enquanto Arnoldo seria capturado, julgado e depois executado (não escapou à condenação na fogueira!).
Talvez em jeito de recompensa pelos serviços prestados, o Papa Adriano IV coroou logo depois Frederico como rei de Itália e imperador da Germânia (título que já detinha, embora carecesse ainda desta formalidade), cerimónia que decorreu em Pavia. Depois de travar mais algumas rebeliões naquela região, traduzidas em milhares de mortes, acabaria por regressar à Germânia.
Entretanto, o mesmo sumo pontífice, procurando suprir a ausência do Imperador, viu em Guilherme I da Sicília um poderoso aliado para exercer assim o seu domínio. Contudo, Adriano decidiu oferecer terras, que supostamente estariam prometidas a Frederico, ao seu novo protector. Para além disso, a Santa Sé encarava o Sacro Império Romano-Germânico como um feudo seu e defendia que Frederico o teria recebido apenas como um presente pela acção que tinha promovido.
Esta ordem de factos despoletou fúria e revolta em Frederico que iniciou assim uma segunda expedição rumo à Itália em 1158. As suas tropas conquistaram Milão que se revoltou perante a sua chegada. Para além disso, e através da Dieta de Roncaglia, o Imperador voltava a insistir em impor o seu poder em toda aquela região. No ano de 1160, a localidade de Crema, aliada aos revoltosos de Milão, é igualmente visada pelas forças imperais que a cercam, durante aproximadamente seis meses, acabando por ser conquistada e incendiada. De forma a forçar a entrada nesta terra rebelde, as forças imperais utilizaram torres móveis, procuraram minar as muralhas da cidade, cavaram túneis para penetrar no seu interior, e recorreram ainda ao uso de aríetes para abalroar os portões de acesso e muros.
Contudo, o sucessor de Adriano IV (falece em 1159), o Papa Alexandre III (1159-1183) acabaria por não simpatizar com Frederico, sendo que este último apoiou o anti-papa Vítor IV.
Alexandre era um homem enérgico, com um espírito fortemente reformista, defendendo ao máximo a autonomia da Igreja face ao poder laico, não aceitando qualquer forma de intromissão ou ingerência. Os seus ideais eram portanto considerados uma afronta aos interesses imperiais, mas desta feita, o novo líder da Igreja Católica era uma personalidade bastante determinada e com uma grande visão política e religiosa daqueles tempos.
Alexandre não hesitaria em excomungar o imperador Frederico, e o seu aliado, o anti-papa Vítor IV. Para além disso, procura reunir apoios para enfrentar o seu principal inimigo que evidentemente reagiria.
Entretanto Frederico, trava nova rebelião em Milão em 1162, sendo que a cidade acabou impiedosamente arrasada. Muitas outras cidades do Norte da Itália também se renderam pacificamente ao Imperador, temendo um destino idêntico. Regressará depois à Germânia para resolver alguns conflitos internos.
Em 1163, lança a sua terceira campanha em solo italiano, procurando tomar o estado normando da Sicília, aliada na altura da Santa Sé, mas não obtém qualquer sucesso perante a resistência duma forte liga que foi formada para travar os seus intentos.
Contudo, Frederico, voltaria pois, em 1166, a empreender uma nova invasão de forma a colocar o novo anti-Papa Pascoal III (que sucedeu ao já falecido Vítor IV) no trono de São Pedro. Para além disso, não lhe agradaram as notícias de que o Papa Alexandre III teria conseguido uma aliança com o Imperador Bizantino Manuel I.
A primeira grande batalha é travada em Monte Porzio (29 de Maio de 1167). Dum lado estão as forças da Comuna de Roma, estimadas em 10 mil homens, mas muito mal preparadas e organizadas em termos militares. Do outro, estão apenas cerca de 1 600 efectivos imperiais, embora bem treinados e disciplinados (mesmo sem a presença do Imperador que estava ocupado no cerco de Ancona). A cavalaria germânica varreu definitivamente a infantaria romana nesta batalha. A quantidade não faria a diferença, mas sim a qualidade das tropas envolvidas. Ao saber deste enorme sucesso, Frederico volta a entrar vitorioso em Roma e acede a uma nova coroação assegurada agora pelo seu preferido - o anti-Papa Pascoal III. Todavia, a difusão duma terrível praga (provavelmente malária) fez com que vitimasse vários soldados que integravam os contingentes germânicos, e Frederico foi mesmo obrigado a abandonar a campanha, quando se começava a temer o pior.
Na Germânia, o imperador consegue impor a sua autoridade na Boémia, Polónia e Hungria, revelando novamente as suas inovadoras capacidades políticas e militares.
A sul dos Alpes, os sentimentos anti-germânicos faziam sentir-se cada vez mais na Lombardia e na restante região do Norte da Itália, pois as incursões cruéis de Frederico deixaram irremediavelmente diversas marcas psicológicas. Em 1169, a cidade-estado de Milão volta a sublevar-se. Os interesses imperiais são novamente desafiados, e Frederico lançará a sua última incursão no Norte de Itália, mas começa por fracassar em Alessandria (1175), cuja cidade não consegue tomar pela via do cerco. O pior estava para acontecer na Batalha de Legnano (29 de Maio de 1176), quando as forças germânicas, constituídas por 3 mil combatentes, foram derrotadas pela liga lombarda. O choque entre os dois exércitos foi violento, e a carnificina tornou-se logo numa evidência. As forças pró-romanas terão surpreendido implacavelmente a retaguarda de Frederico. O imperador germânico terá mesmo caído do cavalo, enquanto os seus guardas e o elemento portador da bandeira imperial tombaram em combate. Julgava-se que o soberano teria falecido, mas a verdade é que conseguiu escapar com vida, e apesar dos ferimentos sofridos, apareceu pouco dias depois às portas de Pavia.
Há evidentes méritos do Papa Alexandre III que não hesitou em unir lombardos, venezianos, bizantinos e até sicilianos de forma a derrotar o poderio militar que o seu adversário revelava. Por seu turno, as cidades-estado italianas não desejavam abrir mão da sua autonomia nem pagar pesados impostos ao imperador.
Terminavam assim as ambições de Frederico no Norte de Itália, tendo sido forçado a assinar a Paz de Veneza (1177), na qual reconheceu Alexandre III como Papa, bem como o seu estado soberano. Abandonava agora esta região e retornaria exausto ao seu Império, o qual também vivia conflitos internos motivado pelas ambições de muitos barões. A disciplina e a instauração da ordem imperial passou a ser o principal objectivo de Frederico na década que se seguiu. Aproveitou ainda para castigar Henrique, o Leão (duque da Saxónia e Baviera) que não o auxiliou nesta derradeira e malograda campanha.




Imagem nº 2 - A batalha de Legnano culminou com o fim da política expansionista de Frederico no Norte de Itália.
Quadro da autoria de Massimo d'Azeglio - 1798-1866
(Retirado do Wikipédia)





Terceira Cruzada


No ano de 1187, Jerusalém havia caído às mãos do sultão aiúbida Saladino que já tinha igualmente conquistado inúmeros territórios no Levante. Este acontecimento motivou um choque tremendo na Cristandade. A tradição refere mesmo que Urbano III (1185-1187), o Papa da altura, morreu de choque ao ter conhecimento da queda da Cidade Santa.
Em 1188, Frederico toma o seu voto de cruzada em Mainz e organiza um exército que, segundo os cronistas da altura, atingiria os 100 mil homens. O número estimado até poderá ser exagerado, mas é certo de que se trataria duma vasta força para lutar num cenário, cujas exigências e sacrifícios já eram bem conhecidos pelo imperador desde a sua participação na Segunda Cruzada.
A primeira batalha no Oriente acontece em Konya (Iconium) a 18 de Maio de 1190. Aproveitando-se da sua superioridade numérica, Frederico derrota os turcos liderados pelo sultão Qubt al-Din. Apesar das dificuldades iniciais, o imperador tomou a vanguarda do exército, reorganizando-o, de forma a evitar qualquer dissabor. A cavalaria germânica voltaria a causar estragos no inimigo.
O sucesso de Frederico e da sua poderosíssima armada causou uma grande preocupação em Saladino e demais emires que temiam a chegada deste reputado soberano.
Todavia, a 16 de Junho, o imperador alemão faleceria quando atravessava o rio Saleph, provavelmente afogado (ou até vítima em simultâneo dum ataque cardíaco). A notícia deste acontecimento foi bem recebia pelas forças muçulmanas que agora poderiam respirar de alívio. A armada germânica acabou por se desintegrar - a maior parte parece ter desertado e regressado ao Império, outros foram atacados e mortos pelos turcos que lançavam constantes emboscadas, e só uma força de 5 mil homens, comandada por Frederico VI da Suábia (filho de Frederico Barbarossa) é que alcançou Acre, onde se juntaram às outras forças que seriam comandadas por Ricardo Coração de Leão, rei de Inglaterra, e Filipe Augusto, rei de França.
Nunca saberemos o que teria acontecido se o imperador não tivesse conhecido uma morte tão inesperada, apenas podemos especular de que talvez se teriam enfrentado os dois maiores estrategas daquele tempo: Saladino e Frederico.




Imagem nº 3 - O imperador Frederico Barbarossa assegura a dianteira do exército germânico, impondo uma derrota aos turcos de Konya.
Retirada de: http://www.akg-images.co.uk/archive/Barbarossa%E2%80%99s-Victory-at-the-Battle-of-Iconium.-2UMDHUDL7DL6.html, (o Quadro é da autoria de: Hermann Wislicenus - 1825–1899).




Imagem nº 4 - O resgate do corpo do imperador após o seu afogamento no rio Saleph.



O Perfil

Frederico foi, para muitos, a figura história mais conceituada do século XII. O seu carácter autoritário não lhe permitiria tolerar as insurreicções ocorridas no Norte de Itália ou Germânia, as quais eram abafadas com mão de ferro. Usufruiu da oportunidade de dirigir o maior exército que existia naquele tempo, de forma a alimentar a sua finalidade expansionista.
Em termos religiosos, seria uma cristão devoto, embora ambicionasse imitar, como já tínhamos mencionado, o modelo de Carlos Magno. 
No seu reinado, mandou erguer palácios e outros edifícios públicos de nomeada. 
Na vertente belicista, Frederico era conhecedor experiente dos mais diversos estratagemas utilizados num cerco ou numa batalha a campo aberto. O seu envolvimento nas batalhas era intenso, arriscando mesmo a sua vida no combate ao inimigo. 




Imagem nº 5 - Estátua de Frederico I em Kyffhaeuser.





Referências Consultadas:


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